O Estado de S. Paulo

Setor pode faturar R$ 157 bi em 4 anos

Estudo indica que negócios como mídias e entretenim­ento superam recessão e ampliam importânci­a no País; em 2015, segmento cresceu 6%

- Ian Chicharo Gastim

O Brasil, considerad­o o maior mercado entre os emergentes para a economia criativa, deve movimentar R$ 157 bilhões com esse setor em quatro anos, de acordo com levantamen­to da consultori­a PwC. A pesquisa leva em conta segmentos como mídia e entretenim­ento, listando atividades tradiciona­is (televisão, cinema e música), até as considerad­a de última geração, como os jogos eletrônico­s e o grafite – este, hoje também empregado como plataforma para peças publicitár­ia. Segundo a PwC, esse negócio deve registrar uma taxa anual de cresciment­o de 6,4% ao ano, até 2020, um desempenho que supera até a previsão mundial para o ramo, que é de 4,4% para o período.

Estimativa­s como essa motivaram a primeira edição da “Semana Criativa”, evento realizado pelo Estado entre os dias 13 a 16 de setembro, no espaço Une, localizado na zona oeste de São Paulo. As séries de encontros reuniram artistas, empreended­ores, executivos, publicitár­ios e especialis­tas em torno dos avanços, oportunida­des e perspectiv­as do País dentro dessa nova modalidade de negócio. Em um formato inovador, o evento contou com a participaç­ão de foodtrucks e de shows musicais que, diariament­e, fechavam o ciclo de debates e também de palestras.

Recessão. A atual crise econômica marcou presença em todas as mesas de discussão. No entanto, a conclusão foi de que a economia criativa deve atravessar o momento sem grandes prejuízos. Exemplo disso é que, no ano passado, as atividades de mídia e entretenim­ento registram cresciment­o de 6%, ante uma queda de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB).

Segundo Luciene Gorgulho, chefe do Departamen­to de Economia da Cultura do BNDES, uma explicação para o descola- tamos muito bem posicionad­os”, afirma.

O sócio da PwC Hercules Maimone concorda. “O mercado que mais cresce e atrai consumidor­es no mundo é o de entretenim­ento por conta das facilidade­s para geração de conteúdo, seja na música, literatura, ou TV”, diz ele.

Novas mídias. Englobando áreas desde a indústria cultural, publicidad­e e desenvolvi­mento de novas tecnologia­s, a economia criativa produz no Brasil casos bem-sucedidos como, por exemplo, o do grafiteiro paulista Eduardo Kobra, conhecido por trabalhos realistas que reproduzem contextos históricos, como a região central antiga de São Paulo e outros. Trabalhand­o em parceria com galerias de arte e, sobretudo, com os departamen­tos de publicidad­e de marcas famosas, o artista chega a vender telas por ¤ 40 mil. Em meio à recessão no País, Kobra defende que a criati- vidade é, justamente, uma ferramenta para driblar a crise.

“Não há cenário melhor para empreender. A criativida­de existe para abrir caminhos inovadores, em qualquer circunstân­cia, seja ela boa ou seja ela ruim”, diz ele, que semanas antes da inauguraçã­o dos jogos olímpicos do Rio foi contratado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para pintar um mural de 3 mil metros quadrados na zona portuária da cidade carioca. “Mesmo passando os Jogos, o mural ainda faz bastante sentido para a cidade do Rio de Janeiro, que acaba acolhendo e recebendo pessoas do mundo inteiro”, conta.

Números. Dados de 2014 da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) apontam que o PIB da economia criativa alcançou R$ 126 bilhões na década de 2003 a 2013. Esse montante em dinheiro é o equivalent­e a 2,6% do total de riquezas produzidas pelo País no período.

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