‘Aqui no Brasil, o povo pensa que não vai dar certo’
Convidados falam das experiências que tiveram ao empreender com poucos recursos em negócios ligados à economia criativa
Todo empreendedor passa por muitos desafios na construção de um negócio. Entre tirar uma ideia do papel e colocá-la na prática, com sucesso, existe um caminho cheio de possibilidades e incertezas. O ponto mais sensível desse trajeto está na viabilização prática de uma ideia. Em um painel realizado durante a ‘Semana de Economia Criativa’, evento realizado pelo Estado, quatro empreendedores debateram sobre criatividade, inovação e viabilização de ideias e projetos nos dias atuais.
“O brasileiro pensa que não vai dar certo. A gente é desencorajado a pensar diferente. Estamos moldados para desacreditar no novo e apostar no que existe”, refletiu Lucas Foster, fundador e diretor executivo do ProjectHub, plataforma que incentiva a criatividade e o empreendedorismo.
Em contrapartida, os que têm fôlego e persistência, esbarram em dificuldades estruturais, como a falta de recursos ou até mesmo a administração deles. Lucas Mello, CEO da LiveAd, agência de comunicação digital, afirma que nem sempre a solução está em aporte financeiro de investidores. Junto com os sócios, o empresário alcançou bons resultados e, de um pequeno negócio, conquistou grandes participantes do mercado mundial. “A gente construiu todos os negócios com pouquíssimo investimento. No início, usávamos a mesa do churrasco do pai de um amigo para trabalharmos.”
No entanto, ele relembra de uma tentativa frustrada, ao aceitar dinheiro de investidores estrangeiros para criar um estúdio de design. O negócio, diferente dos outros que possuía, foi desenvolvido com recursos, bem diferente da realidade que estava acostumado a trabalhar. “Foi o único negócio que não deu certo. E não deu certo porque tínhamos investimento. A gente não estava acostumado a trabalhar com dinheiro.” Depois de um ano, os sócios perceberam que a empresa dava gastos e foi fechada. “Acredito no envolvimento, na doação de horas de sono, na vida que você dá para a sua ideia dar certo.”
O empresário Vitor Knijnik, sócio-fundador da Snack, rede de canais no Youtube, endossa que a figura do investidor anjo é relevante, mas não garante que um projeto vai dar certo. “A figura do mecenas, que vem com a varinha de condão, empodera, e o empresário faz o que quer, está diluída hoje. Todo youtuber, que começou sozinho, é um empreendedor. Ele tem que gravar, editar, se vender e fazer midiaKit”, afirma.
Fator de sucesso. O que faz um negócio ir para frente ou não depende também da resiliência. Para Rafael Vettori, sócio da O Panda Criativo, holding de negócios ligados ao universo criativo, o exercício de expor uma ideia fora da curva acaba ajudando, mesmo quando não se encontra ajuda para torná-la viável. “Quando você tem uma ideia disruptiva, em que você precisa provar que ela é boa para alguém, você se põe muito à prova. E esse é o primeiro teste se seu produto ou serviço de fato faz sentido e merece ser levado adiante.”