O Estado de S. Paulo

Na moda, o consumismo passa por grandes transforma­ções

Mercado de vestuário segue movimento de compartilh­amento, com ferramenta­s bem ao estilo ‘Tinder’ e ‘Netflix’

-

Já imaginou trocar, alugar, doar, usar e reusar quantas vezes for possível uma roupa? A ideia de que uma peça que não é boa para um pode ser boa para outra pessoa está abrindo novos caminhos no mercado de moda, um dos pilares da economia criativa no País.

Comosurgim­entodeferr­amentas para troca de roupase a populariza­çãode oficinasde cortee costura, a associação de moda diretament­e ao consumismo está sendo colocada em xeque atualmente.

Na opinião de representa­ntes desse setor, a necessidad­e de comprar roupas novas, as da última estação ou para representa­r um estilo próprio, tem sido substituíd­a por uma preocupaçã­o maior com o bem-estar e com a sustentabi­lidade.

Esse movimento está ligado à tendência de compartilh­amento. De acordo com a pesquisa global da empresa de marketing Havas, 52% dos entrevista­dos disseram que poderiam vi- Frases ver felizes sem a maioria dos seus pertences.

Para a assessora Mari Pellicciar­i, voltada para o mercado criativo. o movimento atual da moda tende a sair da lógica industrial, para, em vez de aumentar a produção, ter mais qualidade. “É possível se representa­r de outras formas. Nós estamos voltando ao conceito do fazer”, ela afirma.

A visão é compartilh­ada pela estilista e diretora Flávia Aranha, que defende que o processo de fazer a sua própria roupa é capaz de transforma­r a pessoa.

“Você não fica dependente da grande indústria. Ter uma roupa sob medida é libertador, temos muitos corpos para seguir padrões P, M e G”, afirma.

‘Comprismo’. Se hoje compra- mos uma coisa que não é usada e ela acaba ficando esquecida em casa, o que acontece é que, de fato, não chegamos a consumi-la, nós só compramos algo. É dessa forma que Mari Pellicciar­i explica a diferença entre comprar e consumir.

“O problema real não é o consumismo, é o nosso ‘comprismo’, que esgota possibilid­ades de uso de uma coisa”, afirma.

Mari Pellicciar­i foi uma das idealizado­ras de um aplicativo de troca de roupas que vai na contramão desse “comprismo”, o Roupa Livre. A ideia é simples: se você se interessa pela roupa de uma pessoa e ela também se interessa pela sua, o programa promove uma aproximaçã­o, o que permite um consumo mais sustentáve­l.

Além do Roupa Livre, uma iniciativa que também está em linha com o compartilh­amento é a Roupateca, uma espécie de “Netflix” de roupas, que funciona em um andar da House of Bubbles. A partir de uma assinatura mensal, que varia por pacote de R$ 100, R$ 200 ou R$ 300 mensais, a pessoa pode pegar roupas por um período máximo de 10 dias. A única exigência é devolver a peça lavada.

 ??  ?? Novo. Mari Pellicciar­i, Letícia Abraham (centro) e Flávia Aranha debatem futuro da moda
Novo. Mari Pellicciar­i, Letícia Abraham (centro) e Flávia Aranha debatem futuro da moda

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil