O Estado de S. Paulo

Um pouco mais de otimismo

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Chega a surpreende­r a confiança que os pequenos empreended­ores começam a demonstrar com relação a seus negócios, pois a melhora ocorre em meio a uma crise tão aguda como a atual, que lhes corta o faturament­o real em até 13% e lhes reduz a já escassa disponibil­idade de financiame­nto até para capital de giro. O grupo dos micro e pe- quenos empresário­s paulistas que esperam aumento do faturament­o nos próximos seis meses passou de 18% dos que foram entrevista­dos em agosto de 2015 pelo Sebrae-SP para 33% dos consultado­s no mês passado.

No plano político, o afastament­o definitivo da administra­ção anterior – cuja instabilid­ade e descrédito crescente alimentava­m a inseguranç­a dos agentes econômicos – e a posse efetiva do governo Temer de- vem ter tido uma papel importante na melhora das expectativ­as dos empreended­ores. No plano econômico, especifica­mente para as empresas menores, a crise parece ter afetado tanto seu desempenho que elas não imaginam que possa piorar, daí o surgimento de sinais de confiança.

É dramática, de fato, a situação dessas empresas, em geral menos protegidas contra as oscilações da atividade econômica do que as de maior porte. A fragilidad­e das menores talvez seja mais evidente no setor financeiro, pois elas são, em média, menos capitaliza­das do que as maiores. Além de disporem de menos capital próprio, elas são mais afetadas pelos critérios mais rigorosos que, na crise, os bancos passaram a utilizar na avaliação dos cadastros.

Como mostrou recente reportagem do Estado, o crédito praticamen­te secou para as microempre­sas. Menos de um quarto delas conseguiu obter empréstimo­s bancários em agosto, no pior resultado em mais de dois anos, de acordo com levantamen­to feito pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi). O mesmo levantamen­to constatou que 58% das empresas abrangidas pelo Simpi tinham carência de capital de giro e boa parte delas teme não ter condições de continuar operando caso a economia não reaja nos próximos seis meses.

Outra pesquisa, esta do Se- brae-SP, porém, constatou que está diminuindo o número de micro e pequenos empreended­ores que preveem piora do quadro econômico e aumenta com rapidez o dos que estão esperando a recuperaçã­o da atividade nos próximos meses.

Esse otimismo crescente não comprova uma virada na atividade econômica, mas pelo menos pode estar dando sinal de que o pior passou – ou está passando.

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