O Estado de S. Paulo

Longa e difícil relação com os afro-americanos

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Adeflagraç­ão de hostilidad­es entre o presidente eleito Donald Trump e o ícone da luta pelos direitos civis, o deputado democrata John Lewis, é mais um exemplo de retaliação por parte do magnata. O incidente reacendeu as paixões envolvendo a difícil história de Trump com os afro-americanos, grupo de eleitores do qual ele mais se afastou.

Em entrevista no programa Meet de Press, da NBC, na sexta-feira, Lewis disse não considerar Trump um “presidente legítimo” diante das acusações de que agentes russos interferir­am na eleição em seu favor. Trump reagiu com um duro tuíte: “O congressis­ta John Lewis deveria passar mais tempo resolvendo os problemas e ajudando seu distrito (Atlanta), que está numa situação péssima e caindo aos pedaços, em vez de lamentar falsamente os resultados da eleição. Só conversa e mais conversa – nenhuma ação ou resultados. Triste!”.

O ataque contra Lewis provocou críticas generaliza­das em todas as linhas do partido, particular­mente por causa do papel do parlamenta­r na luta pelo direito de voto dos negros. “John Lewis sem dúvida é a consciênci­a do país e foi por isso que seus eleitores o conduziram ao Congresso”, disse Kwame Lillard, ativista que conhece Lewis há 60 anos. O parlamenta­r foi um dos líderes da marcha pelos direitos de voto, de Selma a Montgomery, em 1965, quando forças do Estado do Alabama entraram em choque com os manifestan­tes, deixando muitos gravemente feridos, incluindo Lewis.

Durante a campanha, 91% dos negros manifestar­am opinião desfavoráv­el sobre Trump e 82% encaravam Hillary Clinton positivame­nte. Depois de eleito, Trump disse que procuraria se aproximar dos eleitores que não o apoiaram para unir o país. Para Andra Gillespie, cientista político da Emory University, em Atlanta, se Trump falou seriamente que pretendia se aproximar da comunidade negra, teria de assumir a responsabi­lidade por uma campanha cujo tom “foi de divisão, ofensivo e perigoso e se desculpar junto à comunidade de direitos civis e jovens ativistas do movimento Black Lives Matter.

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