O Estado de S. Paulo

DO LADO DE FORA, LÁGRIMAS E NOTÍCIAS DESENCONTR­ADAS

Famílias não sabem se parentes sobreviver­am e temem por mais mortes

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Após o motim que durou 14 horas, mães, mulheres e filhos choravam do lado de fora da maior penitenciá­ria do Rio Grande do Norte, enquanto aguardam notícias sobre mortos e feridos. De mãos dadas, em círculos, elas rezavam e se desesperav­am.

Mulher de um dos presos do pavilhão 4, Natalia Melo, de 30 anos, contou que foi uma das últimas pessoas a sair anteontem da visita. Segundo ela, estava tudo calmo até então. “Foi a gente sair que começou isso. Não tenho notícia do meu marido. Ninguém passa informação e ninguém dos direitos humanos veio nos ajudar”, lamentou Natalia. Antônio Neto, de 30 anos, cumpre pena por tráfico de drogas e homicídio. Apesar das trocas de mensagens e telefonema­s com os presos, na noite de ontem ela ainda não sabia se o marido está vivo.

As mulheres chegaram ao presídio assim que a notícia da rebelião se espalhou. Como a cadeia estava sem luz e a polícia cercava o local, elas foram mantidas longe por segurança. A polícia temia uma fuga em massa.

A angústia aumentou quando homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar, do Grupo de Operações Especiais dos Agentes Penitenciá­rios e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) entraram na unidade para reto- mar o controle. Elas temiam uma nova matança.

“Estou desesperad­a, meu filho está machucado. Levou uma pedrada na cabeça, mas conseguiu fugir do pavilhão onde começou a rebelião. Tenho medo que ele morra. Ele fez 20 anos há poucos dias, dentro dessa penitenciá­ria”, afirmou Cristiane da Silva, mãe de Josimar da Silva Firmino, preso por tráfico.

Arredores. O comandante­geral da PM do Rio Grande do Norte, coronel André Azevedo, disse que nenhuma ocorrência relacionad­a à rebelião em Alcaçuz foi registrada na região. “Tivemos uma madrugada tranquila.”

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ANDRESSA ANHOLETE/AFP Vigília. Mães, mulheres e filhos de detentos reclamam da falta de informaçõe­s sobre mortos e feridos durante rebelião

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