‘Ninguém acumula milha pensando em trocar por uma cafeteira’
Aestratégia da Smiles, empresa de programa de fidelidade controlada pela Gol, de focar no turismo em detrimento do varejo não sofreu impactos da crise e tudo indica que isso tem favorecido os resultados da companhia. No terceiro trimestre de 2016, o lucro líquido avançou 46,8% ante o mesmo período de 2015. Para o presidente da Smiles, Leonel Andrade, o consumidor guarda milhas com o único intuito de viajar. “Ninguém acumula milha pensando em trocar por cafeteira.”
Qual a estratégia da empresa para oferecer todos os produtos de turismo em quatro anos? A gente pretende ser uma empresa online de turismo completa, na qual se pode comprar com milhas e com dinheiro e, à medida que o consumidor paga com dinheiro, ele ganha milhas de recompensa. Vamos fazer isso por meio de parcerias. Já fizemos com a Localiza e com a Rocketmiles (plataforma de reserva de hotéis). Teremos pacote turístico, reserva em restaurante, ingresso para teatro e para a Disney...
Por que a empresa foca no turismo, em detrimento do varejo? É a vocação do negócio. Nascemos de uma empresa aérea. Nossa margem é maior porque focamos no turismo. O turismo tem produtos perecíveis. Um quarto de hotel que não foi ocupado hoje é um produto que nunca mais terá receita (a empresa compra esses “lugares” ociosos e revende). O mesmo acontece com os assentos dos aviões. Não acreditamos que alguém manda uma milha para a Smiles pensando em trocar por um produto de varejo. Todo mundo pensa em viajar.
A crise impacta na estratégia? Não no projeto. Continuamos acreditando que o turismo e o negócio de fidelidade no Brasil têm um futuro enorme. A Smiles está crescendo, mas, se não tivesse crise, teria sido melhor.
Como deve ser 2017 para o setor? O setor é baseado em consumo de varejo e de avião, além de gastos no cartão de crédito. Esses três vetores ainda não estão recuperados, mas a Smiles continuará com boa performance.