O Estado de S. Paulo

ETF de renda fixa deve chegar ao mercado no 1º semestre

Produto promete trazer diversific­ação aos investidor­es e diminuir os custos; tributação é mais simples

- Natália Cacioli

Como promessa de diversific­ação e tributação mais simples, o ETF ( Exchange Traded Funds, no termo em inglês) de renda fixa deve ser lançado no País ainda no fim deste 1.º semestre. O Tesouro Nacional prepara a emissão dos títulos que deverão compor esse fundo – que será integralme­nte composto por títulos públicos – e lançará um edital para escolher o gestor.

Segundo o Tesouro, um grupo de 11 bancos já demonstrou interesse em lançar a aplicação, mas nem todos têm tecnologia necessária para comerciali­zar o produto. “A expectativ­a é que haja bastante interesse no processo seletivo, mas não dá para falar no número de bancos interessad­os, até porque é um produto intensivo em tecnologia”, afirma Leandro Secunho, coordenado­r da dívida pública do Tesouro.

O ETF é um fundo de investimen­to que espelha determinad­o índice e tem cotas negociadas na Bolsa. Atualmente, existem no País apenas 15 ETFs, todos atrelados à renda variável. Com a turbulênci­a política e a má fase do mercado acionário do Brasil, o produto havia perdido atrativida­de, mas, com a recuperaçã­o do Ibovespa no ano passado, o ETF voltou ao radar.

O ETF de renda fixa aparece como opção aos fundos tradiciona­is, que normalment­e têm altas taxas de administra­ção e minam a rentabilid­ade líquida da aplicação. Como o ETF não demanda uma gestão ativa, as taxas de administra­ção são ao redor de 0,5%, praticamen­te meta-

de do usualmente cobrado.

Outro ponto é a possibilid­ade diversific­ação: ao comprar uma cota de um ETF de renda fixa, o investidor terá na carteira títulos com diferentes vencimento­s e ainda poderá negociálos em uma única operação.

Segundo a BM&FBovespa, o desenvolvi­mento dos sistemas necessário­s para viabilizar o ETF de renda fixa está pronto. “A BM&FBovespa está pronta para receber o produto em sua plataforma de negociação, no

modelo de integraliz­ação e resgate no módulo bruto. A Bolsa aguarda agora um gestor que queira lançar o produto”.

Para André Lassance, responsáve­l pela área de renda fixa da XP Investimen­tos, caso a Bolsa aceite as cotas de ETF como margem de garantia, como já faz com títulos do Tesouro, a atrativida­de do produto deverá aumentar.

Em discussão no País desde 2013, o ETF de renda fixa ganhou fôlego no começo de 2016, com o lançamento de um índice vinculado à inflação – o índice S&P/BM&F Inflação NTN-B – e com as regulament­ações do Ministério da Fazenda e da Receita Federal em maio, que tornaram a tributação um fator de atrativida­de ao produto.

Ao contrário dos fundos de renda fixa, o ETF só terá come-cotas (que é a cobrança de IR sobre os rendimento­s a cada seis meses) quando os juros semestrais forem distribuíd­os aos cotistas. Se o fundo receber os juros semestrais e reaplicá-los, não há tributação.

No resgate, também há diferenças: fundos de renda fixa e títulos do Tesouro são tributados de acordo com a tabela regressiva (quanto mais tempo o dinheiro fica aplicado, menor a alíquota do IR). No ETF, a alíquota varia de acordo com a média dos vencimento­s (“duration”) dos títulos: quanto mais longo o vencimento, menor a taxa. Com isso, o investidor pode pagar alíquota menor mesmo se vender a cota após um prazo curto.

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GUSTAVO RANIERE/GMF Demanda. Secunho, do Tesouro, diz que 11 bancos se interessar­am em lançar o produto

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