Prisões e revolta marcam início de veto de Trump a refugiados e muçulmanos
As restrições à entrada de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana impostas por Donald Trump tiveram aplicação imediata e já afetaram a vida de inúmeras pessoas ao redor do mundo que estavam a caminho dos EUA. Em um dia caótico, 11 passageiros foram barrados entre sexta-feira e ontem no aeroporto JFK, em Nova York, enquanto outros com vistos válidos não puderam embarcar em voos para cidades americanas.
Estudantes estrangeiros de universidades dos EUA que estão de férias foram impedidos de voltar ao país, enquanto familiares de cidadãos ou residentes no país não puderam realizar planos de visitá-los. Diretor de O Apartamento, indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro, o iraniano Asghar Farhad, não poderá entrar nos EUA para participar da cerimônia.
Entre os que foram detidos no aeroporto JFK estava um iraquiano que trabalhou como tradutor de tropas americanas em seu país e obteve status de refugiado depois de um longo processo. Acompanhado da mulher e dos filhos, Hameed Khalid Darweesh ficou detido por 19 horas no aeroporto.
A família foi autorizada a entrar nos EUA depois que advogados recorreram ao Judiciário. Quando um deles perguntou a agentes de imigração com quem poderia discutir a situação dos que estavam detidos, a resposta foi “Ligue para o sr. Trump”.
Darweesh chorou ao sair do aeroporto e lembrou de seu trabalho ao lado de tropas americanas. “O que eu fiz para esse país? Eles me algemaram. Você sabe quantos soldados americanos e u t o q u e i c o m e s s a s mãos?”, disse o iraquiano a repórteres em frente ao JFK.
Proibição. Decreto assinado por Trump na sexta-feira suspende a entrada de refugiados de qualquer país por um período de
Síria Vistos foram suspensos, assim como a análise dos pedidos no programa de refugiados. Veto será mantido até que as medidas de segurança impeçam a entrada de terroristas vindos da Síria
Refugiados O acolhimento de refugiados foi suspenso por 120 dias – exceto para casos de perseguição religiosa. Trump também reduziu o total de refugiados que os EUA aceitarão neste ano para 50 mil
quatro meses. O benefício foi suspenso para os sírios por prazo indeterminado. A medida também impede o ingresso nos EUA por 90 dias de todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana – Iraque, Irã, Síria, Somália, Iêmen, Líbia e Sudão –, o que atinge 134 milhões de pessoas.
Revisão rigorosa O presidente ordenou que todos os processos de pedido e aprovação feitos por refugiados que recorrem aos EUA sejam revistos
Outros casos Trump suspendeu por 90 dias a entrada de cidadãos de sete países: Iraque, Síria, Irã, Sudão, Líbia, Somália e Iêmen – todos de maioria muçulmana. A medida vale para cidadãos destas nações com vistos de turismo ou de moradia permanente nos EUA
A decisão é mais draconiana do que o estimado inicialmente. Segundo o Departamento de Estado, o veto à entrada de pessoas dos sete países na lista negra se aplica a detentores de green card, que têm residência permanente nos EUA. A situação dessas pessoas será definida caso a caso. Os que são originários desses países e possuem dupla cidadania também serão barrados. Isso significa que alguém que tenha cidadania iraquiana e britânica, por exemplo, não poderá usar o seu passaporte inglês para entrar nos EUA.
“Estou adotando novas medidas para manter o terrorismo islâmico radical fora dos EUA. Não os queremos aqui”, declarou Trump em discurso no Pentágono, sem fazer distinção entre os que fogem de violência ou perseguição e os que representam uma ameaça ao país.
As decisões anunciadas na sexta-feira foram criticadas por entidades de defesa de direitos civis, parlamentares democratas e executivos do Facebook e Google, companhias que têm funcionários de países islâmicos.
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, criticou a medida em um post na mídia social. “Como muitos de vocês, eu estou preocupado com os recentes decretos assinados pelo pre- sidente Trump”, escreveu. “Precisamos manter esse país seguro, mas devemos focar em pessoas que realmente representam uma ameaça.”
O CEO do Google, Sundar Pichai, lamentou os anúncios em memorando enviado aos funcionários da empresa, obtido pela Bloomberg. “Estamos contrariados com o impacto desse decreto e quaisquer propostas que imponham restrições aos Googlers e seus familiares ou que possam criar barreira para trazer grandes talentos aos EUA”, afirmou. “É doloroso ver o custo pessoal desse decreto
Revolta