ESTILO POPULISTA
Donald Trump pôs no Salão Oval um retrato de Andrew Jackson, sétimo presidente americano. Jackson chegou à Casa Branca em 1828, também à revelia do establishment. Escravocrata do Tennessee, fundou um partido próprio para defender os interesses do “povo” contra “bancos e corporações” – o Partido Democrata. Extinguiu o banco que emitia papel-moeda, zerou a dívida pública, expulsou índios de seus territórios e, na disputa com o norte industrializado, plantou as sementes da Guerra da Secessão. Veterano de batalhas militares, era um nacionalista que, segundo Walter Russell Mead, da Universidade Yale, via os Estados Unidos não como destinados a exportar valo- res iluministas, mas a cuidar da segurança e do bem-estar dos próprios cidadãos. O isolacionismo de Jackson, herdado por Trump, inspira-se no realismo pragmático de Thomas Jefferson, mas vai além. Não é só questão de evitar intervenções para minimizar riscos ou economizar recursos. A preocupação essencial está dentro, não fora do país. “O populismo jacksoniano se interessa apenas de modo intermitente pela política externa”, diz Mead. “Eles se opõem aos recentes acordos comerciais não porque entendam detalhes e consequências, mas porque acreditam que os negociadores não tinham o interesse dos EUA em seus corações.”