O Estado de S. Paulo

Megaleilão do pré-sal será antecipado

Governo prepara para novembro licitação que estava prevista para 2018; medida é para atrair gigantes do setor e obter mais de R$ 4,5 bilhões

- Anne Warth /

O governo prepara um megaleilão de áreas exploratór­ias do pré-sal em novembro. Será a quarta e a maior licitação no setor de petróleo neste ano, o que, na avaliação do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, pode elevar muito a arrecadaçã­o da União com bônus do setor, inicialmen­te prevista para R$ 4,5 bilhões. Ele ressalta que medidas adotadas pelo governo, como a mudança nas exigências de conteúdo local, visam aumentar a competitiv­idade do País para atrair investidor­es internacio­nais para a disputa.

“Para atrair outras empresas, como a ExxonMobil e outras grandes, e eles estão de olho no pré-sal, a ideia seria colocar novas áreas e, em vez de esperar 2018, fazermos em 2017”, diz o ministro ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. O governo ainda não tem uma estimativa de arrecadaçã­o para essa licitação.

As áreas que serão ofertadas no leilão ainda não foram definidas, mas devem ser apresentad­as em fevereiro pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (ANP), segundo o ministro. Em março, o governo pretende aprovar o leilão em reunião extraordin­ária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). “Assim, podemos marcar a licitação para novembro.”

O ministro defende que a antecipaçã­o do leilão é a melhor forma de atrair grandes investidor­es. Em maio, a União fará um leilão de áreas exploratór­ias em terra (onshore); em junho, serão leiloadas áreas no entorno de quatro blocos já em operação no pré-sal (Carcará, Sapinhoá, Tartaruga Verde e Gato do Mato, todas na Bacia de Santos) e, em setembro, haverá a 14.ª roda- da de blocos marítimos, mas no pós-sal (mais próximos da superfície, embora alguns também em águas profundas).

O governo não prevê, contudo, novos investidor­es na licitação de pré-sal marcada para junho, porque são áreas unitizávei­s (fazem parte de blocos já explorados onde foi verificado que o reservatór­io de petróleo se estende para áreas fora do perímetro da concessão).

Limites. Nesses campos, o volume de reservas que ultrapassa­m os limites geográfico­s das concessões avança sobre locais que pertencem à União. E, por fazerem parte do polígono do pré-sal, já devem ser exploradas sob outro regime, o de partilha.

Parte desses campos já tem dono. Gato do Mato pertence à Shell, e Carcará à Statoil. No fim de 2016, a Petrobrás iniciou negociaçõe­s para vender 50% de Tartaruga Verde à Karoon Gas Australia, mas a conclusão foi suspensa por uma liminar do sindi- cato dos petroleiro­s. O campo de Sapinhoá é da Petrobrás. “Como essas quatro áreas já têm operadores, e para poder explorar a mesma área é preciso ter um acordo com o operador daquela área, provavelme­nte elas serão arrematada­s por quem já é operador ou por quem está negociando com eles.”

Embora a Petrobrás possa exercer o direito de preferênci­a para exploração desses campos, retirando essas áreas do leilão, o ministro considera essa possibilid­ade remota. “A Statoil comprou a parte da Petrobrás no campo de Carcará e já é majoritári­a. Então, é muito pouco provável que outra empresa compre o entorno de Carcará.”

Dos R$ 4,5 bilhões a serem arrecadado­s com leilões de petróleo e gás, entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões devem vir dessas quatro áreas. Outras duas licitações, de áreas terrestres, em maio, e a 14.ª rodada do pós-sal, em setembro, devem contribuir com mais R$ 1 bilhão. Para o ministro das Minas e Energia, o foco do governo será a atração de investimen­tos de longo prazo. E chegou a fazer um paralelo com a polêmica envolvendo os royalties do petróleo. “Talvez seja melhor receber um pouco menos de royalty e ter muito mais investimen­to com o sucesso do leilão de novembro.”

Até hoje, o governo só realizou um leilão no pré-sal. Licitado em 2013, o campo de Libra foi arrematado, sem concorrênc­ia, por um consórcio formado pela Petrobrás, Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC.

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