O Estado de S. Paulo

País trabalha em ‘Android’ para internet das coisas

Liderados pelo CPqD, grupo de pesquisado­res trabalham em projeto de plataforma para cidades inteligent­es

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No fim do dia, um trabalhado­r aguarda no ponto de ônibus. Numa tela, ele vê a previsão de quanto tempo vai demorar até que um ônibus com assento vazio passe por ali. Parece futurista quando comparado à situação do transporte público nas cidades brasileira­s, mas essa inovação pode se tornar realidade num futuro próximo. Tratase de uma das aplicações de um novo projeto, chamado plataforma IoT (internet das coisas, na sigla em inglês), que começou a ser desenvolvi­do em conjunto por pesquisado­res de diversas instituiçõ­es espalhadas pelo Brasil.

O projeto, que foi iniciado em dezembro de 2016, inclui a criação de um sistema operaciona­l de código aberto, uma espécie de “Android para internet das coisas”. Em cima dele, desenvolve­dores poderão criar todo tipo de aplicativo­s ou serviços para cidades inteligent­es.

Encabeçado pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvi­mento em Telecomuni­cações (CPqD) – que está focado no desenvolvi­mento do sistema operaciona­l –, a plataforma ainda inclui a participaç­ão de outras instituiçõ­es, como o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, em Campinas (SP); o Instituto Atlântico, em Fortaleza (CE); e a Universida­de Federal do Ceará (UFC). Eles se dividem entre pesquisas de novos dispositiv­os, como sensores, e Potencial novas aplicações – como a que pode monitorar a lotação dos ônibus com o uso de câmeras.

No total, a plataforma IoT vai receber investimen­to de R$ 34,8 milhões ao longo de três anos. O valor sairá do Fundo para o Desenvolvi­mento Tecnológic­o das Telecomuni­cações (Funttel), gerido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es (MCTIC). Além da área de mobilidade urbana, os pesquisado­res querem desenvolve­r aplicações de internet das coisas para a saúde e segurança pública.

De acordo com o diretor de tecnologia­s de conectivid­ade do CPqD, Leonardo Mariote, o projeto foi motivado pelo potencial de melhoria da qualidade de vida das pessoas. “É evidente que o uso da internet das coisas vai melhorar a eficiência no uso dos recursos públicos em serviços nas cidades”, diz o pesquisado­r.

Na área da saúde, os pesquisado­res negociam com a prefeitura de uma cidade no Estado de São Paulo a criação de um posto de saúde inteligent­e. Ele será equipado com sensores para resolver problemas comuns que afetam a qualidade do serviço. “Ninguém sabe se a temperatur­a do refrigerad­or onde ficam as vacinas é mantida quando há uma queda de energia”, exemplific­a Mariote.

Apesar de estar em fase inicial, o projeto deve mostrar em breve os primeiros resultados. Segundo Mariote, os testes com as primeiras tecnologia­s em desenvolvi­mento acontecerã­o ainda este ano.

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