O Estado de S. Paulo

Eike volta dos EUA e se entrega hoje à PF no Rio

Empresário, que deverá ser preso assim que descer do avião, disse ao embarcar ontem à noite, em Nova York, que “está na hora de passar as coisas a limpo”

- Mariana Sallowicz Mariana Durão

O empresário Eike Batista embarcou pouco depois da meia-noite de ontem no voo 973 da American Airlines, em Nova York, rumo ao Rio de Janeiro – onde deve chegar pouco depois das 10 horas. Assim que chegar ao Galeão deverá ser preso pela Polícia Federal – a ordem de prisão foi expedida na quinta-feira, no âmbito da Operação Eficiência.

“Eu tô voltando para respon- der à Justiça, como é meu dever. Tá na hora de ajudar a passar as coisas a limpo”, disse[/LIDAO] o empresário em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, por volta das 23 horas de ontem. “Estou à disposição da Justiça”, completou.

O empresário deixou o Brasil na última terça-feira, dois dias antes de a PF receber a ordem para prendê-lo. A Operação Eficiência é um desdobrame­nto da Lava Jato no Rio e apura suposto esquema usado pelo ex-governador do Estado, Sérgio Ca- bral Filho (PMDB), e outros investigad­os para ocultar mais de US$ 100 milhões remetidos ao exterior.

O advogado de Eike, Fernando Martins, disse ao Estado, assim que a notícia de sua volta ao País foi divulgada, que a estratégia de defesa do empresário ainda está indefinida, inclusive sobre uma possível delação premiada. “Ele estava em uma viagem a negócios (em Nova York). Só combinamos a sua volta e amanhã (hoje) vamos conversar sobre a estratégia. Após a chegada dele é que vamos definir os procedimen­tos”, disse Martins, em entrevista ao Broadcast – serviço de notícias em tempo real do Estado – na noite de ontem.

Sem negociação. De acordo com Martins, não houve negociação com a Polícia Federal ou o Ministério Público Federal na busca de melhores condições de detenção de seu cliente. Eike não tem o ensino superior completo, por isso poderá ficar em um presídio comum. “Não hou- ve negociação nenhuma. Isso (o presídio) fica a cargo das autoridade­s. Ele vai se apresentar e a Polícia Federal vai definir (seu destino)”.

Eike, que já foi considerad­o o sétimo homem mais rico do mundo, é suspeito de corrupção ativa. Pesa contra ele a acusação de repassar propina de US$ 16,5 milhões para o ex-governador do Rio por meio de simulação de contrato de consultori­a para compra de uma mina de ouro na Colômbia, em 2011, pelo grupo do empresário.

Na mesma operação, a PF continua procurando Francisco de Assis Neto, o Kiko, que teve, igualmente, prisão preventiva decretada. Sua defesa diz que ele está nos EUA desde 6 de dezembro, com mulher e dois filhos, e deve retornar no começo de fevereiro, conforme documentos apresentad­os à 7.ª Vara Federal Criminal. O advogado Breno Melaragno diz que não há motivos para ele ser considerad­o foragido e que ele “está adiantando sua volta ao Rio”.

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