Mulheres excluídas têm sua vez na ‘Aurora’
Tiradentes premia ‘Baronesa’, belo filme da estreante Juliana Antunes
Homenageada – com Leandra Leal – da 20.ª Mostra de Tiradentes, a atriz e diretora Helena Ignez terminou dando nome a um novo prêmio do evento. O Troféu Helena Ignez contempla uma personagem feminina de destaque nas mostras Aurora e Foco. A primeira vencedora foi a diretora de fotografia Fernanda de Sena, pelo filme mineiro Baronesa, da estreante Juliana Antunes. Ganhou, segundo a justificativa do júri da crítica, “pela ressignificação do olhar sobre um universo de exclusão; pela ocupação qualificada do espaço, numa função raramente conduzida por mulheres.”
Mas Baronesa ainda ia ganhar mais na noite de sábado, 28. Há três anos, Juliana Antunes integrou o júri jovem que premiou Vizinhança do Tigre, de Affonso Uchoa, um dos grandes filmes da história da Mostra Aurora. Agora, foi a vez dela, e por um filme do qual Uchoa é um dos montadores. Baronesa ganhou o prêmio da crítica.
Vale atentar para a justificativa do júri: “Pela cumplicidade sem condescendência em rela-
Ação às pessoas filmadas; pelo enfrentamentodeestereótiposapaziguadores da boa consciência; pelo reconhecimento e afirmação da alegria e do prazer em meio aos desastres da experiência social brasileira; pela retenção da violência do extracampo; pelos riscos da mise en scène, ao assumir um gesto fílmico na iminência de desabar.” Portudoisso, Baronesa levouoTroféu Barroco na Aurora de 2017.
E não sem polêmica. O debate levantou a questão da propriedade de uma diretora branca e de classe média filmar mulheres negras da favela.
Tiradentes outorga outros prê- mios, atribuídos por outros júris. O júri jovem deu o Prêmio Carlos Reichenbach, da mostra Olhos Livres – nome do bloco de Carlão – a Lamparina da Aurora, de Frederico Machado. O júri da crítica atribuiu seu prêmio de curta a Vando Vulgo Vedita, de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus, do Ceará, exibido na Mostra Foco. O curta também recebeu o prêmio Aquisição, do Canal Brasil. O público preferiu outro curta, Procura-se Irenice, de Marcos Escrivão e Thiago B. Mendonça, e o longa Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga.