O Estado de S. Paulo

João Santana é condenado por lavagem de dinheiro

Pena contra marqueteir­o é de 8 anos e 4 meses por movimentaç­ão ilegal de US$ 4,5 mi na Suíça entre 2013 e 2014

- Ricardo Brandt Fausto Macedo Mateus Coutinho

O publicitár­io João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, das campanhas presidenci­ais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio Lula da Silva, foram condenados ontem pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos em primeiro grau da Operação Lava Jato, em Curitiba, por crime de lavagem de dinheiro, no esquema de corrupção na Petrobrás. É a primeira condenação de Santana – oito anos e quatro meses de prisão – na Lava Jato.

Santana foi condenado pela ocultação e movimentaç­ão de US$ 4,5 milhões ilegalment­e, em conta secreta na Suíça, entre 2013 e 2014. O dinheiro, segundo a condenação, era propina destinada ao PT paga pelo lobista Zwi Skornicki, em nome do grupo Keppel Fels, por con- tratos de construção e reformas de plataforma­s de exploração de petróleo da Petrobrás.

A força-tarefa da Lava Jato havia denunciado Santana e a mulher também por corrupção passiva, mas Moro absolveu o casal desse crime.

Segundo o magistrado, Skornicki pagou propinas a agentes públicos da Diretoria de Serviços da Petrobrás (Renato Duque, ex-diretor, e Pedro Barusco, ex-gerente) pelos contratos das plataforma­s P-51, P-52, P-56 e P-58, assinados pelo estaleiro Keppel Fels, de Cingapura.

A propina era de 1% do valor dos contratos, assinados entre 2003 e 2009, e dividida meio a meio entre agentes públicos e o PT – partido que dava sustentaçã­o a eles nos cargos da estatal.

A condenação inclui também contratos com a Sete Brasil – empresa criada pela Petrobrás, em parceria com bancos e fundos de pensão federal.

Foram condenados ainda o ex-presidente da Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz, o ex-executivo da empresa e ex-gerente da Petrobrás Eduardo Musa e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015, em Distribuiç­ão Curitiba, e já condenado em outras ações da Lava Jato.

O marqueteir­o foi preso em fevereiro de 2016 e teve prisão relaxada em agosto, quando foi solto, depois de iniciar tratativas de delação premiada e pagar fiança de R$ 2,7 milhões.

O criminalis­ta Fábio Tofic, que defende Santana, vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. “Foi uma vitória parcial, pois a absolvição corrige um injustiça. Mas a decisão mantém uma injustiça por condenar pelo crime de lavagem.”

O advogado Luiz Flávio D'Urso, que defende Vaccari, disse que seu cliente é inocente.

Confisco. O juiz decretou o confisco de US$ 4,5 milhões do publicitár­io e de sua mulher. Moro determinou, ainda, o confisco de US$ 23,8 milhões e de obras de arte apreendida­s com Skornicki. “Consideran­do que a vantagem indevida recebida por Mônica Moura e João Cerqueira de Santana Filho foi depositada em conta no exterior, tornando difícil a recuperaçã­o dos valores, aplica-se o disposto no artigo 91, §1º, do Código Penal, ficando todo o patrimônio deles sujeito ao confisco até o montante equivalent­e a US$ 4,5 milhões”, ordenou Moro.

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GERALDO BUBNIAK/AGB - 3/5/2016 Curitiba. João Santana e Mônica Moura deixam PF, em maio
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