O Estado de S. Paulo

Reeleição de Maia na Câmara faz Centrão encolher

Com ajuda do Palácio do Planalto, deputado do DEM conseguiu atrair sete siglas de bloco informal contra o candidato Jovair Arantes

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A reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidênci­a da Câmara marcou a derrota do chamado Centrão, grupo informal de partidos que ganhou força enquanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso na Lava Jato, comandou a Casa.

Com 193 votos, Maia garantiu a vitória no primeiro turno. O deputado Jovair Arantes (PTBGO), nome que representa­va o grupo, obteve 105 votos.

O Centrão, que chegou a reu- nir 13 partidos e 220 deputados, já havia saído enfraqueci­do da disputa no ano passado, quando o candidato do grupo, deputado Rogério Rosso (PSD-DF), foi derrotado por Maia. Desta vez, porém, a diminuição do tamanho do grupo ficou ainda mais evidente. Com a ajuda do Palácio do Planalto, Maia conseguiu atrair sete siglas que faziam parte do Centrão: PP, PR, PSD, PRB, PTN, PHS e PT do B. Com Jovair, além do seu partido, ficaram Solidaried­ade, PROS e PSL.

Além de Maia e Jovair, outros dois candidatos de partidos da base disputaram a eleição: Júlio Delgado (PSB-MG), que obteve 28 votos, e Jair Bolsonaro (PPRJ), com quatro votos. Já a oposição foi representa­da por André Figueiredo (PDT-CE), que teve 59 votos, e Luiza Erundina (PSOL-SP), com dez votos.

Surpresa. O resultado da eleição para a presidênci­a da Câmara, porém, acendeu uma luz amarela no governo. Logo após o resultado, Jovair foi chamado para uma conversa com Temer.

O Planalto considera que ele teve um desempenho acima do esperado e prevê que terá uma “fatura alta” para quitar com o deputado e aliados dele.

Na avaliação prévia de interlocut­ores do governo, Maia teria em torno de 350 votos, e não os 293 conquistad­os. Já para Jovair, a contabilid­ade era de apenas 50 votos – e não de 105.

Deputados próximos a Temer dizem acreditar que a disputa não deixará uma “fratura exposta” na base e que os eventuais ressentime­ntos com o apoio velado do Planalto a Maia poderão ser contornado­s.

Para um parlamenta­r do DEM, o resultado da eleição mostra que o “Centrão virou centrinho”, mas, mesmo assim, o governo terá de negociar com o grupo em cada votação importante para o governo.

Sem esconder o seu descontent­amento, um aliado de Jovair fez questão de lembrar que o número de votos conquistad­os por Maia não é o suficiente para aprovar as chamadas propostas de emendas à Constituiç­ão, que precisam do voto de pelo menos três quintos dos deputados (308 dos 513).

O presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, afastou qualquer mal-estar com o governo após a derrota de Jo-

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Mandato. Deputados comemoram reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para o comando da Câmara nos próximos dois anos por 293 votos após disputar cargo com cinco candidatos

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