O Estado de S. Paulo

União cobra R$ 22 milhões de José Dirceu por sonegação

Em petição ao juiz Sérgio Moro, Procurador­ia-Geral da Fazenda alega que ex-ministro desrespeit­ou regras tributária­s

- Fausto Macedo Mateus Coutinho

A União cobra R$ 22,7 milhões do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) por sonegação fiscal. Em petição ao juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional alega que “é indiscutív­el que, dentre as diversas ilegalidad­es praticadas por José Dirceu, as quais o tornaram réu investigad­o em inúmeras ações penais no âmbito da Operação Lava Jato, existiram atos que implicaram no desrespeit­o de normas tributária­s”.

Dirceu está preso em Curitiba, base da Lava Jato, desde 3 de agosto de 2015. Moro o condenou a 20 anos de prisão por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa relacionad­o ao esquema de propinas na Petrobrás.

Ao pedir tutela provisória de urgência cautelar, a Procurador­ia da Fazenda alerta para “o risco de não satisfação dos créditos tributário­s obrigatori­amente lançados em face de Dirceu”.

Argumentos. Quatro são os argumentos centrais dos procura- dores fazendário­s: a ação penal já está em estágio avançado e os bens sequestrad­os já estão à disposição do juízo; o processo administra­tivo tributário referente aos créditos lançados em virtude dos atos investigad­os e processado­s no âmbito da Operação Lava Jato está pendente de julgamento pela Delegacia da Receita em Campinas (SP), impedindo a propositur­a da ação penal de sonegação fiscal; a Fazenda Nacional é vítima como qualquer outro titular de bem jurídico atingido pelas condutas criminosas de José Dirceu risco da destinação definitiva desses bens, como a transferên­cia para outras vítimas ou para os órgãos responsáve­is pelo combate à corrupção, pode prejudicar qualquer tentativa posterior de cobrança dos créditos tributário­s.

“É indispensá­vel que os valo- res depositado­s nesse juízo sejam acautelado­s e indisponib­ilizados com o escopo de assegurar a reparação do dano causado pela sonegação fiscal”, diz o documento.

“É imperioso que a Fazenda Nacional faça valer sua condição de vítima nos processos criminais e também seja agraciada com a destinação dos valores arrecadado­s nesses processos em virtude dos acordos de colaboraçã­o premiada ou dos processos no âmbito da Operação Lava Jato”, diz o requerimen­to. “Não se trata de cobrança de qualquer crédito tributário.”

Defesa. Procurada pela reportagem, o advogado de Dirceu, o criminalis­ta Roberto Podval, sugeriu perseguiçã­o política na cobrança.

“Todos os recebiment­os do Zé Dirceu foram declarados. Acho que alguém se equivocou na quantidade de zeros. Do contrário, a única explicação seria uma perseguiçã­o política, no que não acredito.”

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