Trump inclui ação militar entre opções contra o Irã, que diz ignorar ‘novato’
O presidente americano, Donald Trump, disse ontem que “todas as opções estão sobre a mesa para lidar com o Irã”, um dia depois de seu assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, ter dado uma “advertência formal” ao país por testar um míssil balístico no início da semana. Após a declaração, que dá a entender que a Casa Branca considera a possibilidade de uma retaliação militar contra os iranianos, líderes republicanos no Congresso disseram defender novas sanções contra Teerã.
O governo iraniano reagiu contestando a experiência de Trump como presidente e alertou aos Estados Unidos que desempenha um papel crucial na luta contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque.
Antes de subir o tom contra Teerã, Trump respaldou, por meio de sua conta no Twitter, as declarações de Flynn e vinculou o teste – que, segundo os Estados Unidos, viola uma resolução do Conselho de Segurança da ONU – ao acordo nuclear assinado por Barack Obama.
“O Irã foi formalmente advertido por ter lançado um míssil balístico. Deveria agradecer ao desastroso acordo que os Estados Unidos assinaram com eles”, afirmou Trump. “O Irã estava exausto e quase desabando até que chegaram os Estados Unidos e o salvaram com o acordo: US$ 150 bilhões.”
O teste com o míssil balístico foi feito após Trump barrar a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos, entre eles o Irã. Flynn não deu mais detalhes sobre quais serão as consequências práticas, mas o alerta de que “todas as opções estão sobre a mesa” costuma indicar que uma ação militar é possível. Reação. “A advertência do governo americano ao Irã é sem fundamento e provocativa”, respondeu o porta-voz da chancelaria iraniana, Bahram Ghasemi, citado pela agência estatal Irna. “Essa advertência ocorre em um momento em que os esforços do Irã no combate aos grupos terroristas no Oriente Médio são conhecidos por todos. É lamentável que a administração americana ajude na prática os grupos terroristas, repetindo as mesmas observações sem fundamento e adotando medidas incabíveis.”
Um assessor do líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, disse ao jornal The New York Times que as declarações de Trump deveriam ser ignoradas por virem um “líder inexperiente”. Na véspera, o ministro da Defesa iraniano, general Hossein Dehghan, confirmou a realização de um teste de míssil, denunciado pelos Estados Unidos, e afirmou que isso não constitui uma violação do acordo nuclear.
Congresso. Líderes do Partido Republicano no Congresso disseram ser favoráveis a novas sanções contra o Irã para impedir que o país teste mais mísseis balísticos. O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Paul Ryan, disse que os Estados Unidos deveriam parar de ser “apaziguadores”. “Eu seria favorável a novas sanções ao Irã”, disse Ryan.
Parlamentares envolvidos na Comissão de Assuntos Exteriores disseram que negociam com a Casa Branca uma maneira de pressionar o Irã o máximo possível, mas sem arruinar o acordo assinado em 2015, que interrompeu a produção de material nuclear no país.
“Há muitas coisas que podemos fazer antes”, disse o senador Bob Corker. “O Comitê está nos estágios iniciais de montar uma legislação para verificar o cumprimento do acordo nucl e a r . ” Ai nda segundo Corker, Trump poderia, por exemplo, sancionar leis aprovadas pelo Congresso e vetadas por Obama após a assinatura do acordo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua imprevisível com seus aliados. Ontem, ele mudou de opinião e pediu que Israel interrompa a construção de novos assentamentos na Cisjordânia. Em comunicado, a Casa Branca disse que, embora os assentamentos não sejam um empecilho para a paz, a construção de novas colônias ou a expansão das já existentes para além das fronteiras