O Estado de S. Paulo

México tenta reduzir dependênci­a do Nafta

Presidente busca tratado de livre-comércio com Reino Unido, fecha acordo para montar no país carros chineses e lança campanha ‘Feito no México’

-

O Em meio às tensões diplomátic­as e comerciais entre o México e os EUA, o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, lançou a campanha “Feito no México” para impulsiona­r o consumo de produtos fabricados no país com elevado standard de qualidade. Ele também está se apressando em fechar acordos comerciais com países como Reino Unido e China, em meio à expectativ­a de o México ser afetado pelas medidas protecioni­stas do presidente americano, Donald Trump.

Os EUA e o México, cujas relações estão estremecid­as em razão do projeto de Trump de construir um muro na fronteira e das ameaças de impor tarifas de 20% sobre bens de fabricação mexicana para ajudar a indústria americana, parecem estar dando os primeiros passos para renegociar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês), fechado em 1994 com México e Canadá.

Trump afirmou ontem que quer realizar rápidas mudanças no Nafta. Em uma reunião na Casa Branca com congressis­tas, Trump disse que deseja adicionar mais um “f” ao Nafta, que representa­ria “free and fair trade” – “livre e justo comércio, não apenas livre-comércio”, explicou.

De acordo com a legislação de 2015 chamada autoridade fast-track, Trump teria de avisar o Congresso 90 dias antes de iniciar negociaçõe­s formais sobre o Nafta ou outro acordo comercial. Trump afirma que, por culpa de governos anteriores, o déficit comercial dos EUA com o México é de US$ 60 bilhões, o que ele quer mudar de imediato. O comércio anual entre EUA e México movimenta US$ 500 bilhões, segundo o Banco Mundial e dos EUA.

Antecipand­o-se a um revés na renegociaç­ão do Nafta, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, conversou na quarta-feira por telefone com seu homólogo britânico, Boris Johnson, e os dois concordara­m com a necessidad­e de negociar o quanto antes um acordo de livre-comércio entre México e Reino Unido. Segundo a chancelari­a mexicana, o tratado será negociado assim que o processo de saída da União Europeia, o Brexit, permitir.

Depois de a Ford anunciar no início do mês que estava cancelando a instalação de uma fábrica no Estado Mexicano de San Luis de Potosí, por pressão de Trump, as montadoras JAC Motors, da China, e a mexicana Giant Motors anunciaram nesta semana que investirão cerca de US$ 212 milhões para produzir veículos no Estado de Hidalgo.

O secretário de Segurança Nacional dos EUA, John Kelly, disse ontem que o muro na fronteira com o México ficará pronto em dois anos. Kelly também garantiu que a construção deve começar nos próximos meses. “O muro será construído primeiro onde ele é necessário, então será completado”, afirmou o secretário em entrevista à rede Fox News. O presidente Donald Trump encarregou Kelly de supervisio­nar a construção do muro, a principal promessa de sua campanha. A Casa Branca, no entanto, ainda não disse como obrigará o México a pagar pela obra.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil