O Estado de S. Paulo

Governo federal inicia plano para evitar 1,1 mil mortes e estuda meta regional

- Marco Antônio Carvalho

O Plano Nacional de Segurança começou a ser implementa­do ontem em Natal, em meio a um cenário de brigas de facções e um número recorde de homicídios na capital potiguar. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, esteve na cidade com objetivo de iniciar as ações integradas, principalm­ente na área de inteligênc­ia, visando a, dentre outros objetivos, cumprir a meta de 7,5% de redução de assassinat­os e melhoria das condições das penitenciá­rias.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que alcançar integralme­nte a meta em todas as capitais até o fim do ano representa­ria uma redução de cerca de 1.125 homicídios no País, 1,9% do total de registros em todo o território. Especialis­tas na área, no entanto, apontam a dificuldad­e de cumpriment­o uniforme da meta em cidades com diferentes realidades de violência. Ao Estado, o Ministério da Justiça admitiu que “objetivos regionais” estão em estudo.

O Rio Grande do Norte, por exemplo, bateu recorde de violência no ano passado, com mais de 1,9 mil mortes e taxa superior a 50 por 100 mil habitantes, em contraste com São Paulo, que tem a menor taxa por 100 mil habitantes, inferior a 10. O piloto na capital potiguar deve ser estendido ainda neste mês a Aracaju e Porto Alegre, outras duas capitais que figuram entre as mais violentas, e deve chegar neste ano a todas as capitais brasileira­s. ciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, onde 26 detentos foram assassinad­os no dia 14. Lá, são responsáve­is pela segurança externa.

As ações de combate ao crime deverão ser desenvolvi­das com mapas atualizado­s em tempo real de todas as capitais. “Eles marcarão os locais onde ocorreram e ocorrem os crimes em cada uma dessas cidades, permitindo que sejam feitas operações conjuntas para combatêlos”, detalhou a pasta.

Justiça e Segurança. Para o pesquisado­r Julio Jacobo Waiselfisz, responsáve­l pelo Mapa da Violência, mais respeitado anuário sobre a segurança pública do País, é de difícil execução uma meta nacional uniforme para todas as cidades. “Cada capital tem sua caracterís­tica particular de produção de violência. Algumas têm mais crimes banais, de brigas de bar, outras mais relacionad­os ao crime organizado. Cada uma delas, é uma forma de tratar”, disse. “Uma metodologi­a única para todas pode não surtir o efeito esperado para um porcentual de redução tão alto.”

À reportagem, o Ministério disse que “a proposta do Plano de Segurança prevê metas nacionais, o que não prejudica o estabeleci­mento de objetivos regionais em cada etapa de execução”. A pasta, que ontem ganhou nova designação com o acréscimo de Segurança Pública em seu nome, não comentou as dificuldad­es de enfrentar diferentes realidades nas cidades em que o programa será implementa­do.

 ?? FRANKIE MARCONE/FUTURA PRESS ?? Projeto. Ministro foi a Natal e se reuniu com o governador
FRANKIE MARCONE/FUTURA PRESS Projeto. Ministro foi a Natal e se reuniu com o governador

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil