O Estado de S. Paulo

‘É preciso agir com eficiência para evitar o cresciment­o de dívidas problemáti­cas’

Executivo diz que bancos terão de participar do ajuste de consumidor­es e empresas, para cortar ‘na raiz a evolução de crises’

- Aline Bronzati

Os bancos terão de ter participaç­ão ativa no processo de ajuste das empresas e dos consumidor­es, abrindo espaço para que a economia brasileira volte a crescer, afirma o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi. Esse movimento deve ocorrer após um ano marcado por empresas e credores sentados à mesa para renegociar dívidas e alongar vencimento­s, o que evitou o colapso de muitas companhias.

Depois de um 2016 que exigiu dedicação no gerenciame­nto dos calotes e culminou no encolhimen­to do lucro dos grandes bancos após anos seguidos de expansão, o executivo vê o desfecho da crise já endereçado. “O caminho de saída da crise será gradual e ritmado”, avalia Trabuco, em entrevista exclusiva ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Trabuco pontua o papel dos bancos na retomada econômica e garante que as instituiçõ­es estão dispostas a participar dos projetos de infraestru­tura lançados pelo governo federal, mas que isso dependerá do modelo de garantias a ser adotado. Seguem os principais trechos da entrevista, concedida ontem na sede do Bradesco, na Cidade de Deus, em Osasco, São Paulo.

Os bancos foram os principais atores nas renegociaç­ões de dívidas de pessoas físicas e jurídicas. Qual é o ritmo esperado para esse movimento em 2017? Me chamou a atenção uma frase do Xi Jinping (presidente da China), em Davos. Ele criticou o comportame­nto de “trancar-se num quarto escuro para se proteger do perigo”, referindo-se ao protecioni­smo. Nos bastidores, o comentário entre os brasileiro­s foi que o conceito se aplica como luva à questão do endividame­nto e ao esforço dos bancos em proteger a qualidade da carteira de crédito. Temos de agir. E é preciso agir com eficiência para evitar o cresciment­o das dívidas problemáti­cas. Cuidar da saúde do sistema é cuidar da saúde da economia do País, evitar na raiz a evolução de crises.

As instituiçõ­es manterão o protagonis­mo no processo de desalavanc­agem das empresas e das pessoas físicas? Em quanto tempo o sistema pode voltar a patamares considerad­os normais? Vamos continuar exercendo nosso papel de tutores da estabilida­de do sistema sempre que necessário. As condições para 2017 dão sinais de evolução, principalm­ente, com a queda da Selic. O caminho de volta à normalidad­e é o mesmo caminho de saída da crise: gradual e ritmado.

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