O Estado de S. Paulo

Sinais de melhora

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Destavezém­ais do quepuramen­te torcida. Há um punhado de sinais de que as coisasna economia começam de fato a melhorar.

Ninguém se iluda, os grandes problemas continuam todos aí. As contas públicas, por exemplo, seguem desequilib­radas, como o rombo do ano passado (déficit primário de R$ 155,7 bilhões, ou de 2,47% do PIB). O comportame­nto do PIB no quarto trimestre de 2016 e início deste ano deverá continuar negativo. O desemprego está a 12% da força de trabalho. As vendas no varejo seguem fracas. O nível do endividame­nto familiar está alto demais. Quem for por aí ainda enxergará muito copo meio vazio ou até em esvaziamen­to.

O amanhecer nunca chega de repente. A escuridão continua, mas o canto do sabiá já vara a madrugada, o burburinho vai crescendo nas ruas e quem acorda cedo pode vislumbrar o roseado que se forma pelos lados do nascente.

As expectativ­as, por exemplo, estão mudando para melhor e ocupando os espaços antes tomados pelo desânimo ou pela sensação de que a crise se prolongou além do esperado. É só conferir as novas bases com que o mercado passou a trabalhar, tal como aparecem semanalmen­te na Pesquisa Focus feita pelo Banco Central em cerca de 100 instituiçõ­es, consultori­as, departamen­tos de Economia das empresas.

A inflação está em franca retirada. Há apenas sete meses, ninguém apostava em que 2017 apresentas­se inflação inferior a 6% ao ano. Agora, a percepção é de que a meta de 4,5% ao ano será atingida. A desinflaçã­o arrasta para baixo também os juros básicos.A Selic estavaa 14% em novembro e agora o mercado já trabalha com 9,5% ao final deste ano. É uma derrubada de 4,5 pontos porcentuai­s, o que não é pouco. O presidente do Banco Central já passou o recado de que, “a longo prazo, a meta de inflação caminha para os 3,0% ao ano”.

A Bolsa de Valores, cujo comportame­nto em geral antecipa os fatos, acusou neste início de 2017 (até esta quintafeir­a) avanço acumulado de 7,22% do seu índice de preços, empurrado pela entrada líquida, obtida até 1.º de fevereiro, de R$ 6,244 bilhões de recursos estran- geiros para aplicações em ações.

No ano passado, o investimen­to estrangeir­o líquido no País superou em mais de 30% as expectativ­as iniciais do Banco Central. Atingiu US$ 79 bilhões, mais de duas vezes o saldo comercial. Para este ano, a projeção é de chegada de mais US$ 75 bilhões.

As exportaçõe­s de janeiro cresceram 20,6% sobre as de janeiro de 2016. Essa melhora não se restringiu aos produtos básicos (cresciment­o de 30%). O despacho de manufatura­dos aumentou 7,4% e o de semimanufa­turados, 27,5%. Em boa parte, esse bom resultado se deveu ao aumento dos preços que, na média da pauta brasileira, foi de 20,1%. O saldo comercial (exportaçõe­s menos importaçõe­s) que já foi de US$ 47,7 bilhões em 2016 tem tudo para ficar acima disso em 2017, apesar da perspectiv­a de aumento das importaçõe­s, por conta do avanço do PIB e do consumo. A produção industrial apresentou expressiva melhora em dezembro, de 2,3%. O agronegóci­o deverá dar um show de desempenho neste ano (cresciment­o da produção de cerca de 15%).

Tudo pode melhorar, se o governo conseguir puxar para baixo seu déficit fiscal e se der andamento às reformas. É esperar mais algumas semanas para ver. Esta é a evolução do Índice Bovespa desde o último pregão de 2016, em 29 de dezembro, até esta quinta-feira. A Consultori­a INTL FCStone refez suas estimativa­s de produção de soja e milho da atual safra. Em vez dos 102,8 milhões de toneladas de soja previstas em janeiro, o Brasil vai colher 104,1 milhões de toneladas. E, em vez dos 91 milhões de toneladas de milho, o Brasil vai colher 91,51 milhões. No caso da soja, a projeção é equivalent­e à do IBGE, mas para o milho ela é 10% superior à do instituto.

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