O Estado de S. Paulo

Rio terá 6 meses para definir venda de estatal

Privatizaç­ão de companhia de água e esgoto servirá de garantia para empréstimo de R$ 3,5 bi que deve ser usado para pagar salários atrasados

- Idiana Tomazelli /

O Estado do Rio de Janeiro terá seis meses para definir o modelo de venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). O governo fluminense encaminhou ontem o projeto de lei que autoriza a venda da totalidade de ações da empresa, o primeiro do pacote anunciado na semana passada. A iniciativa é considerad­a suficiente para que a estatal sirva de garantia para um empréstimo de R$ 3,5 bilhões que será obtido com instituiçõ­es financeira­s, crucial para o Rio colocar os salários de servidores em dia.

“Esse modelo está sendo discutido e o governo federal deu seis meses para contratarm­os um banco, ou alguma agência, fundação que vá fazer a modelagem e ver se ficamos com a produção de água, se vendemos distribuiç­ão”, explicou o governador Luiz Fernando Pezão, após encontro com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. Não está definido se a privatizaç­ão será integral ou de apenas parte das operações da companhia. O prazo pode ser prorrogado por mais seis meses.

Antecipaçã­o de cláusulas

O texto do projeto prevê que os responsáve­is pela avaliação e estruturaç­ão da operação de alienação das ações da companhia serão “instituiçõ­es financeira­s federais”. A expectativ­a é que as receitas da venda sejam suficiente­s não só para a quitação do empréstimo de R$ 3,5 bilhões, mas também para o abatimento de outras dívidas do Estado com garantias da União.

A venda da Cedae foi condição imposta pelo governo federal na ajuda ao Rio. Pezão resistia à ideia, mas precisou colocar a empresa na mesa de negociaçõe­s para conseguir benefícios como a carência de três anos para pagamento da dívida.

O projeto que autoriza a privatizaç­ão será votado pela Alerj já na semana que vem. O termo de compromiss­o assinado pelo Rio com a União ainda prevê que a instituiçã­o financeira que conceder o financiame­nto poderá indicar um representa­nte do corpo diretor, “cujo papel será o de contribuir para o êxito da operação de alienação”.

Por enquanto, o governador trabalha para reconstrui­r sua base de apoio na Alerj, desgastada desde o ano passado, quando o Rio não conseguiu aprovar medidas como a elevação da alíquota previdenci­ária de servidores. Agora, as contrapart­idas prometidas à União incluem receituá- rio semelhante.

Brasília. Pezão esteve no STF pelo terceiro dia seguido para apresentar termos do acordo e tentar convencer a Corte a antecipar cláusulas. O Rio pretende obter autorizaçã­o para afastar dispositiv­os da Lei de Responsabi­lidade Fiscal que vedam a concessão de garantias a empréstimo­s a Estados acima do limite de endividame­nto. “Acredito que teremos êxito e que essa tese vai ajudar outros Estados”, disse.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-11/11/2016 Convencime­nto. Pezão conversou com ministros do STF

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