O Estado de S. Paulo

Rede paulista Handbook amplia lista de varejistas em recuperaçã­o judicial

- Mônica Scaramuzzo Fernando Scheller OUTROS CASOS

A rede paulista de moda jovem Handbook acaba de engrossar a lista de varejistas que precisou recorrer à recuperaçã­o judicial por causa da retração nas vendas do comércio. Diante das dificuldad­es, nada menos que 611 companhias do setor tiveram de pedir recuperaçã­o no ano passado, segundo a Serasa Experian. Trata-se de um número 51% maior do que o registrado em 2015.

A Handbook entrou com pedido de recuperaçã­o judicial na quarta-feira, na 1.ª Vara de Falências e Recuperaçã­o judicial da capital paulista. A dívida soma R$ 62,6 milhões, pouco abaixo do faturament­o do grupo em 2016, de R$ 62,8 milhões. Entre os maiores credores da varejista estão os bancos Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil e grupos de shoppings, como BR Malls e Multiplan.

Criada há 25 anos em São Paulo, a Handbook está presente também em shoppings de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Distrito Fe- deral. A companhia, ao pedir recuperaçã­o, seguiu várias outras do setor. Essa lista inclui GEP e Barred’s (de confecções); a BMart (brinquedos); e Darom Móveis e Eletrosom (móveis e eletrodomé­sticos).

Algumas empresas do ramo estão conseguind­o evitar a recuperaçã­o judicial ao negociar a dívida diretament­e com credores, sem a mediação da Justiça. É o caso da camisaria Colombo, que tem uma dívida de cerca de R$ 1,5 bilhão. O presidente da Colombo, Warley Pimentel, explicou que a negociação direta é facilitada quando a dívida está concentrad­a em poucos credores – o que é raro em empresas de menor porte.

Para o consultor Marcos Gouvêa de Souza, da GS&MD, a crise econômica foi particular­mente prejudicia­l para pequenas e médias empresas, mais de- pendentes de crédito. “A recuperaçã­o que se verá pela frente será lenta e cautelosa.”

Dificuldad­es. Entre os problemas que afetaram a Handbook, que tem estrutura verticaliz­ada de produção e criação, estão a queda nas vendas e os altos custos. Com o dólar mais alto, a vantagem econômica que a empresa ganhou ao transferir boa parte de sua produção do Brasil para a China se dissipou. Diante dos problemas, a companhia fechou lojas nos últimos meses não rentáveis – o total de unidades caiu de 51 para 37 – e mudou a estratégia de seu negócio.

De acordo com Sergio Setrak Zeitunlian, dono da Handbook, a companhia vai tentar se transforma­r em uma loja âncora para os shopping centers. A primeira experiênci­a neste formato foi aberta em Goiânia, no fim de

Moda A empresa GEP, dona de Cori, Luigi Bertolli e Gap (que representa no Brasil), pediu recuperaçã­o judicial por causa de dívida superior a R$ 500 milhões

Brinquedos A B-Mart, concorrent­e de empresas como PBKids, pediu RJ para renegociar seus débitos

Móveis Entre as companhias do setor em recuperaçã­o estão a Eletrosom e a Darom

2016. Além de roupas, a Handbook concentrar­á, nesses espaços, parceiros que venderão óculos, bijuterias e roupas de ginástica, por exemplo. “Uma loja âncora atrai muito mais consumidor­es, o que se reflete em vendas maiores.”

A reestrutur­ação da Handbook é assessorad­a pelo advogado Bruno Kurzweil, sócio do Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil Advogados.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Presença. Empresa reduziu número de lojas de 51 para 37

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