Morre, aos 87, o artista da rigidez geométrica
Escultor, gravador e desenhista, o cearense era um dos principais representantes do construtivismo brasileiro
O escultor, gravador e desenhista Sérvulo Esmeraldo morreu na tarde de quarta-feira, dia 1, aos 87 anos, em Fortaleza. Seu velório foi realizado no dia seguinte, na capela do Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado, em Fortaleza. O artista era considerado um dos principais representantes do constru- tivismo brasileiro, tendo iniciado sua carreira nos anos 1940, em Fortaleza. Sua última exposição, A Linha, a Luz, o Crato, foi realizada no ano passado no Crato, sua terra natal. Esmeraldo já havia sofrido um AVC e a mostra, segundo a galerista Raquel Arnaud, deu uma sobrevida ao artista.
A marchande, que acompanha a trajetória de Sérvulo Es- meraldo desde os anos 1970 e comercializa sua obra desde 2009, destaca a sua seriedade como artista geométrico. Há dois anos, o IAC – Instituto de Arte Contemporânea, entidade cultural criada por ela para preservar documentos e difundir a obra de artistas brasileiros de tendência construtiva – organizou a exposição O Arquivo Vivo de Sérvulo Esmeraldo. A mostra foi realizada após a instituição receber em comodato parte do arquivo documental e acervo de Esmeraldo, que estava guardado no ateliê do artista argentino Júlio Le Parc, em Paris, onde Sérvulo viveu por 20 anos.
Sérvulo Esmerando mudouse para São Paulo em 1951. Seis anos depois, trabalhando como ilustrador do Correio Paulistano, realizou uma individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e acabou ganhan- do uma bolsa de estudos do governo francês.
Em Paris, na década de 1960, começou a desenvolver projetos com motores e ímãs. Sua série mais conhecida do período é Excitables, trabalho que o destacou entre os artistas cinéticos radicados na capital francesa. Em 1977, ele voltou ao Brasil, assinando esculturas públicas monumentais em Fortaleza, cidade que adotou em 1980 e que hoje abriga mais de 40 obras suas. Curador da Exposição Internacional de Esculturas Efêmeras, realizada em Fortaleza nos anos 1980 e 1990, Sérvulo Esmeraldo participou de bienais (aqui e na Europa) e sua obra está presente nos principais museus e em coleções privadas do Brasil. Em 2011, a Pinacoteca do Estado organizou importante retrospectiva da obra do artista cearense.