O Estado de S. Paulo

‘Na minha trajetória tem muito carnaval’

Elba Ramalho faz show em SP e vai gravar canções de Chico Buarque

- Amilton Pinheiro

O compositor e cantor Chico Buarque, 72, foi crucial na carreira artística de Elba Ramalho, 65, quando ela decidiu ir morar no Rio de Janeiro, em 1974, a convite do produtor Roberto Santana, que já trabalhava com ele. Elba, que fazia algumas peças como atriz, conheceu Chico no dia da apresentaç­ão do elenco da Ópera do Malandro, em 1978. “Eu me tornei cantora em função da Ópera do Malandro. Ele foi da maior importânci­a na minha formação artística e para que eu tivesse espaço como cantora”, explica Elba por e-mail ao Estado.

No musical dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa, Elba interpreta­va a prostituta Lúcia, que brigava com a personagem Teresinha (Marieta Severo, na época mulher de Chico), pelo amor de Max Overseas (Otávio Augusto). O dueto em que Elba e Marieta cantavam Meu Amor, era um dos pontos altos do espetáculo.

A canção foi parar no álbum de Chico em 1978, e no disco duplo com a trilha da peça. Elba Ramalho, que era conhecida como atriz, começaria uma carrei-

Ora como cantora ao lançar seu primeiro disco, Ave de Prata, em 1979, que tinha entre as faixas, Não Sonho Mais, de Chico. Mesmo com tanta intimidade com a obra dele, ela nunca se sentiu segura o suficiente para gravar um disco só com suas músicas. Com quase 40 anos de carreira (que serão completado­s em 2019), Elba achou que agora é o momento de registrar esse tão sonhado traba- lho. “Chico Buarque é um gênio. Não sei dizer como vai ser o álbum, por que ainda não parei para planejá-lo. Tenho esse desejo e sei que vai ser um disco lindo. Chico entende a alma feminina como nenhum outro compositor”, entende.

Deixando de lado os projetos que a cantora vai realizar, entre eles um CD com músicas espirituai­s, Elba apresenta em São Paulo o show Carnaval do Bra- sil, de hoje, 3, a domingo, 5, no Sesc Vila Mariana, com ingressos esgotados. “A minha trajetória tem muito de carnaval. Quando soube que esta temporada seria em fevereiro, pensei em aproveitar o mês do carnaval para fazer uma homenagem ao maior festejo do Brasil”, revela ainda.

E seu “banho de cheiro” também se estenderá ao sambódromo em São Paulo, pois a canto- ra será homenagead­a pela Tom Maior com o samba-enredo Elba Ramalho Canta em Oração o Folclore do Nordeste – Toque Sanfoneiro: Forró, Frevo e Xaxado... “Estou muito feliz, gostei do samba, acho a letra boa e o samba é eficiente para a escola. Ser homenagead­a dessa forma é incrível, é um reconhecim­ento pela minha trajetória. Tenho muito orgulho do caminho que percorri e a escola vai contar parte dessa história”, espera.

Desde o ano passado, Elba, Geraldo Azevedo e Alceu Valença estão em turnê com O Grande Encontro, agora sem a participaç­ão de Zé Ramalho, que está com agenda lotada. A primeira formação do projeto, em 1996, foi um enorme sucesso e só não durou mais por causa dos problemas que eles tiveram com Alceu Valença, que não foi convidado quando decidiram fazer o segundo encontro.

“Alceu já tinha um contrato com outra gravadora e isso gerava muitos conflitos. Era no tempo das majors, que tinham muita influência sobre nós. Somos artistas com personalid­ades fortes”, acrescenta Elba.

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DIVULGAÇÃO Frevo. Elba e os ritmos nordestino­s

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