NEGÓCIOS SOB FOGO
Nem imigração, nem protecionismo, nem bomba atômica, nem terrorismo. O maior risco ao poder de Donald Trump está em suas próprias empresas. É verdade que ele não precisa seguir as normas que regem conflitos de interesse no governo. O motivo é prosaico: por questão de segurança nacional, o presidente não pode se eximir de nenhuma decisão, mesmo quando seus interesses estejam envolvidos. Mas está sujeito ao artigo da Constituição que proíbe a detentores de cargos públicos receber “presente, emolumento, cargo, título de qualquer espécie de rei, príncipe ou Estado estrangeiro”. Três juristas abriram processo contra Trump, alegando que seus negócios violam o tal “arti- go dos emolumentos”. Desde a eleição, empresas ou filhos de Trump já negociaram com governos como Índia (em Mumbai, há um hotel Trump em construção), Escócia (em Aberdeen, usinas eólicas afetam seu campo de golfe) ou China (o banco estatal chinês é o maior locatário da Trump Tower). “Cada vez que Trump colhe benefícios econômicos de um governo estrangeiro no aluguel de quartos de hotel ou instalações, ou do licenciamento de sua marca ou produtos de entretenimento, ele viola o artigo dos emolumentos”, afirmam. “Há a possibilidade crescente de impeachment por um abuso de poder que está a um passo do suborno e da traição.”