O Estado de S. Paulo

Curso de Veterinári­a online revolta conselho

Centro universitá­rio afirma ter cumprido todas as regras; Ministério da Educação promete rever graduação, criticada também por donos de pets

- Fábio Brito

A criação de um curso de Medicina Veterinári­a a distância em um centro universitá­rio particular de Santa Catarina causou polêmica nas últimas semanas entre órgãos de classe e amantes de animais. É a única graduação desse tipo no País. O Ministério da Educação (MEC) promete rever a autorizaçã­o para o curso.

O Conselho Federal de Medicina Veterinári­a enviou documento ao MEC contrário à novidade. “Para nós, é um verdadeiro estelionat­o”, critica Benedito Fortes de Arruda, presidente da entidade. “Esperamos que tenha sido algum erro de informação, caso contrário usaremos de todos os meios legítimos e legais para impedir essa aberração”, afirma.

A permissão para criar a graduação online foi dada à Facvest em dezembro, com 500 vagas autorizada­s por turma. De acordo com Geovani Broering, reitor da universida­de, foram seguidas “todas as normas e todos os passos necessário­s para a criação do curso”.

Apesar do aval, a instituiçã­o não havia aberto inscrições. Fora do País, segundo o reitor, existem cursos online até na área da Medicina humana. A universida­de informou que, diante da resistênci­a, não vai oferecer matrículas para o curso.

Em nota, o MEC afirmou que não existe impediment­o legal para criar o curso de Veterinári­a ou outros na modalidade a distância. Centros universitá­rios têm prerrogati­va de autonomia para criar os cursos, presenciai­s e EAD, e devem apenas informá-los devidament­e.

Mas, segundo a pasta, no caso da Facvest, mesmo sendo um centro universitá­rio, a faculdade aderiu em 2014 ao Programa de Estímulo à Reestrutur­ação e ao Fortalecim­ento das Instituiçõ­es de Ensino Superior (Proies), do Ministério da Fazenda. Por isso, não poderia abrir novos cursos, já que a inclusão no programa suspende a autonomia da instituiçã­o.

O MEC cobrou esclarecim­entos da Fazenda Nacional e da Facvest sobre a medida. Por enquanto, a pasta decidiu suspender a graduação.

Repercussã­o. Mesmo que o curso seja aprovado, dificilmen­te teria aceitação do mercado. Médica veterinári­a há oito anos, Mariane Brunner defende atuação prática e humanizaçã­o para formar novos profission­ais. “O tempo gasto na faculdade dentro do hospital-escola foi essencial na minha formação e permitiu a percepção de como uma doença pode se comportar de modos diferentes”, conta.

Já a professora da rede municipal Marta Fátima Valejo afirma que não confiaria seus animais de estimação – seis gatos e nove cães – a médicos com formação online. “Não passaria nem na porta”, afirma. “Ele ( o profission­al) tem de estar com o animal e haver essa interação. É mais importante do que a literatura”, completa.

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