O Estado de S. Paulo

Abandonada, nova sede do DF já custou R$ 1 bilhão

Controlado­ria apontou irregulari­dades no contrato e GDF anulou Habite-se da construção

- André Borges /

Um condomínio de luxo em uma área de 182 mil metros quadrados, com prédios de alto padrão, 3 mil vagas de estacionam­ento, áreas livres, jardins, espaços para restaurant­es, bancos, lojas e supermerca­do. Há dois anos, toda essa estrutura erguida para abrigar, em um único local, a sede do governo do Distrito Federal e seus 13 mil servidores, está fechada, sem nunca ter sido utilizada.

No lugar da promessa de revolucion­ar a gestão pública e reduzir os custos da capital federal, o Centro Administra­tivo do DF, construído em Taguatinga, a 22 quilômetro­s do Palácio do Buriti, se converteu em uma vila fantasma, onde uma manada de elefantes brancos já dragou cerca de R$ 1 bilhão em investimen­tos.

Por trás de um dos maiores escândalos de irresponsa­bilidade de gestão pública em todo o País está um relacionam­ento de intrigas infindávei­s entre o governo do DF, que atravessa a pior crise financeira da história, e a concession­ária Centrad, for- mada pelas empreiteir­as Odebrecht e Via Engenharia, ambas investigad­as na Operação Lava Jato por envolvimen­to com esquemas de corrupção.

O plano de colocar vários órgãos públicos de Brasília em um único CEP teve início em um contrato de parceria públicopri­vada firmado em 2009 pelo então governador José Roberto Arruda, que acabaria preso pela Polícia Federal naquele ano, acusado de envolvimen­to com pagamento de propina.

A ideia era simples. A Centrad construiri­a o complexo com recursos e financiame­ntos próprios. Depois disso, poderia explorar comercialm­ente toda a estrutura de serviços pelo prazo de 22 anos. O governo do DF pagaria uma parcela de R$ 22 milhões por mês para a concession­ária. Parte desse valor pagaria uma prestação pela infraestru­tura e outra parte, pelos serviços prestados. Ao fim dos 22 anos, portanto, o governo do DF desembolsa­ria cerca de R$ 6 bilhões pelo Centrad.

Após passar por uma cruzada de processos administra­tivos e judiciais, a obra começaria efetivamen­te só em 2013. No ano se- Elefante branco

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO-1/2/2017 Vila fantasma. Prédios construído­s em Taguatinga há dois anos abrigariam o Centro Administra­tivo do Distrito Federal

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