O Estado de S. Paulo

182 mil m²

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é a área total do condomínio de luxo, com prédios de alto padrão, áreas livres para jardins, restaurant­es, agências bancárias, lojas e supermerca­dos

guinte, mais precisamen­te no dia 31 de dezembro de 2014, o então governador Agnelo Queiroz, no último dia de seu mandato, foi até o Centro Administra­tivo do DF e disse que a estrutura estava inaugurada, sem haver, contudo, nenhum tipo de estrutura de escritório disponível, como mobília, rede de telefonia ou equipament­os de infor- mática. Naquela mesma ocasião, a gestão Agnelo tratou de liberar o Habite-se do projeto, o que permitiria que a Centrad começasse a receber suas mensalidad­es do governo. Esses pagamentos jamais ocorreriam.

Habite-se. Ao assumir o Palácio do Buriti, o novo governador, Rodrigo Rollemberg, passou a criticar duramente os termos do contrato firmado com as empreiteir­as e a entrega da obra. Em janeiro de 2015, uma liminar da 4.ª Vara de Fazenda Pública do DF suspendeu a carta de Habite-se do empreendim­ento e travou os pagamentos que o governo começaria a fazer para a Centrad.

No mês seguinte, o Habite-se foi declarado nulo, por causa de “ausência de execução de medidas mitigadora­s dos impactos no trânsito da região”. A concession­ária chegou a conseguir uma decisão favorável em julho de 2015, para que o governo começasse a pagar as mensalida- des, mas nada foi repassado.

Leany Lemos, secretária de planejamen­to, orçamento e gestão do DF, diz que a posição do governo é clara. “Uma PPP só existe quando algo é entregue corretamen­te, para que você receba a prestação de serviços. Não foi o que encontramo­s. Por isso, vivemos esse drama”, disse. “A Controlado­ria apontou mais de 20 casos de irregulari­dades e pendências na obra e no contrato. A ordem de serviço foi dada um ano depois de iniciada a obra. As garantias não foram constituíd­as, não foram assinadas até hoje. A orientação do nosso jurídico, portanto, é de que temos que assumir todos os erros do contrato e do projeto.”

Sem receber as mensalidad­es desde janeiro de 2015, a Centrad decidiu jogar a toalha e, em outubro de 2016, propôs a “rescisão amigável” do contrato. Nas contas da empresa, há cerca de R$ 1,4 bilhão a receber do DF, sendo R$ 1 bilhão relativo aos gastos com as obras e outros R$ 400 milhões ligados a custos com financiame­nto e os dois anos de mensalidad­es da parceria público-privada.

Por meio de nota, a Centrad informou que “a demora do governo em solucionar questões sob sua responsabi­lidade e a inadimplên­cia com a concession­ária levaram a essa etapa de negociação”, mas que Rollemberg ainda não se manifestou. “O investimen­to feito até agora no complexo ficou integralme­nte a cargo da Centrad e o GDF ainda não fez qualquer pagamento devido ao parceiro privado.”

O governo do DF declarou que analisa a possibilid­ade de reformular os termos do contrato ou de fazer sua rescisão. Na prática, é sabido que se esgotaram quaisquer chances de manter o contrato e o fim da parceria é visto como a única alternativ­a. A questão é saber em que condições. Tudo indica que a confusão vai parar na Câmara de Arbitragem do DF.

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