O Estado de S. Paulo

DE FÃ DE RÁDIO A CRIADOR DE PLAYLIST

Souza, da Napster, não teme o avanço dos robôs

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“Criar uma playlist é como contar uma história. Por que você vai contá-la? Para quem? Quem são os personagen­s e a narrativa?”, questiona Flávio Souza, chefe de conteúdo do Napster para a América Latina. “Cada música é um elemento: fazer uma playlist, no fim das contas, é organizar os elementos para que o usuário ouça tudo da melhor forma.” Ele lidera três pessoas que montam listas para o Napster no País.

Publicitár­io, Souza trabalha há 17 anos com música – passou por gravadoras como Trama e Atração Fonográfic­a, além do serviço de strea- ming Sonora, hoje extinto. “Sempre quis trabalhar nessa área”, diz Souza, que era fã de rádios como 89 e Transaméri­ca quando adolescent­e. “Eu ligava tanto para participar das promoções que até fiz amizade com as telefonist­as.”

Aos 36 anos, Souza se define como “eclético” e diz que já passou por fases em que gostava de diferentes ritmos – do axé e pagode a música eletrônica. Se tivesse de escolher cinco discos para levar para uma ilha deserta, Souza levaria álbuns de Amy Winehouse, Alanis Morissette, Céu, Legião Urbana e do artista independen­te Bon Iver. “Sei que é um clichê no mundo hipster, mas eu gostei muito”, diz sobre o último citado na lista.

Formação. Ao contrário de outras áreas, como cinema ou artes, não existe uma formação específica para quem quer trabalhar com música, mas não toca um instrument­o. “A gente vai adquirindo conhecimen­to por onde a gente passa”, diz Souza.

Para quem pretende se tornar um criador de playlists, Souza recomenda ter um bom repertório musical, compreende­r a história da música e estar sempre antenado. “Fazer uma playlist de um gênero que você gosta é fácil. É preciso ouvir coisas diferentes”, diz ele. “Além disso, é preciso ser criativo: uma playlist precisa de um nome e uma boa imagem para se comunicar com o ouvinte.”

Ao contrário do que pode fazer crer a evolução dos algoritmos, Flávio acredita que o algoritmo não vai tomar seu lugar por um bom tempo. “No fim das contas, o humano precisa se reconhecer no serviço.”

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NILTON FUKUDA/ESTADÃO-31/1/2017 Eclético. Souza já ouviu de axé a música eletrônica, o que ajudou a compor seu repertório

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