‘Quem faz intercâmbio volta mais esperto’
Dirigente afirma que experiência é valorizada se garantir ao profissional um nível satisfatório do idioma estudado
Saber falar uma língua estrangeira é importante. Mas ter fluência é o que realmente faz a diferença na carreira, segundo a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Elaine Saad. A seguir, trechos da entrevista:
Os recrutadores veem o inglês fluente como uma habilidade indispensável? Sim. Hoje, falar inglês é uma exigência tão requisitada como saber mexer num computador. Sendo ou não uma empresa multinacional, muitas tarefas do dia a dia podem exigir o idioma em algum momento. As pessoas pensam que não precisam dominar, porque não usam cotidianamente – e realmente talvez não seja vital para executar as tarefas triviais – mas será útil para que a pessoa cresça, tanto dentro da empresa quanto na carreira.
Como incluir no currículo o nível de proficiência? Os recrutadores querem compreender que nível de fala e compreensão o candidato tem naquela língua, e se os avaliadores têm necessidade de a pessoa ter fluência no idioma, em algum momento ela será testada. Classifico assim os níveis de um idioma: nulo – a pessoa não sabe ou entende nada da língua – nesses casos, melhor nem mencionar no currículo; noções – a pessoa entende palavras, mas não frases; co- nhecimentos - entende palavras e frases, mas se perde no(s) contexto(s); vários conhecimentos - entende palavras, frases e contextos; fluência - apesar de não dominar 100% o idioma, consegue se comunicar integralmente, tanto verbal quanto não verbalmente. Infelizmente, as pessoas costumam exagerar para mais ou para menos no currículo. Há quem seja fluente e não põe por insegurança, e quem não é fluente mas diz que é. Quando a empresa faz algum tipo de teste, a pessoa não se sai bem.
Experiências no exterior, como intercâmbios, são valorizados pelas empresas? Sim. Geralmente, quem passou por essa vivência volta mais esperto, mais resiliente, afinal, esteve exposto ao mundo, teve que se virar sozinho). Mas dentro das empresas, a análise é feita sob a perspectiva das mudanças produzidas pelo intercâmbio naquele indivíduo. Qual o impacto que esse período fora teve nele? Voltou falando o idioma fluentemente? Consegue se comunicar? É preciso expor ao avaliador os aspectos positivos. Muitos voltam do estrangeiro com uma ótima compreensão oral e escrita, mas sem saber se expressar oralmente.
Onde incluir essas experiências no currículo? Se foi uma experiência que dialoga diretamente com a carreira profissional, tem de ser incluída na parte do currículo em que o candidato descreve a sua carreira; como aquele período de estudo complementou isso. Cursos de língua feitos no exterior podem entrar em alguma seção do tipo “cursos internacionais”.