O Estado de S. Paulo

Ex-vendedora de pirulito cria franquia de estética

Antes de emplacar a rede Sóbrancelh­as, Luzia Costa quebrou várias vezes

- Cláudio Marques

“O empreended­or não sossega até que algo dê certo. Vai tentando de acordo com as necessidad­es e dificuldad­es do momento. E eu continuei tentando mesmo depois de quebrar sete vezes, praticamen­te”, afirma Luzia Costa, fundadora das marcas Sóbrancelh­as, Cuticulari­a Beryllos, que entrou em atividade em 2016, e Depil Shop.

Ela já foi dona de carrinho de lanches e de lanchonete em Taubaté, onde vivia. O projeto de montar uma pizzaria na cidade não deu certo, ela quebrou e perdeu tudo. Nesse período, mudou-se para a praia e apelou para a venda de pirulitos para fazer algum dinheiro. “Pensei: o que eu tenho no momento? Tenho R$ 1,80. O que dá para comprar? Um quilo de açúcar e vou fazer pirulitos para vender, porque eu preciso me reerguer de alguma maneira.”

Luzia conta que chegou a morar em uma casa à beira do rio, “praticamen­te de pau a pique, num sítio muito pequeno ( em Ubatuba)”. Decidiu, então, frequentar cursos de estética (massagem, maquiagem, fazer sobrancelh­as etc.) oferecido na cidade. De acordo com a empresária, algumas semanas depois do início das aulas, ela já tinha clientes de massagem.

Para tentar ampliar seus ganhos, conseguiu obter alvará para montar uma tenda na praia onde oferecia massagens. Passava o dia no local e à noite ainda atendia clientes em domicílio. “Eu consegui levantar um dinheiro para pagar minhas dívidas e voltar a morar em Taubaté, que era meu sonho.”

A volta. Na cidade do Vale do Paraíba, no entanto, não tinha clientes. Para divulgar seu trabalho, obteve autorizaçã­o de escolas municipais para oferecer massagens em quem quisesse. “Como meu serviço era bom, pensei que quem gostasse fosse me contratar e aí eu iria em domicílio.”

Deu certo. “Chegou uma hora em que eu já não conseguia atender mais em domicílio – estava com uma carteira de clientes muito extensão. Decidi ter uma sala só para isso.”

Luta

No espaço, além de massagens, limpeza de pele e sobrancelh­as também com o uso da técnica de compartime­ntação, que consiste em implantar pigmentos na derme, para “desenhar” as sobrancelh­as. Foi com esse serviço que começou a se destacar.

“Profission­ais de outras cidades começaram a me procurar para dar cursos, nessa área”, conta Luzia. E, em 2012, seu espaço acabou se transforma­ndo em um centro de treinament­o.

Com o sucesso, decidiu abrir uma franquia. “Eu tinha o know how da técnica e podia dar suporte.” Como não conhecendo nada de franquias, foi aprender. Frequentou cursos da Associação Brasileira de Franchisin­g (ABF) e do Sebrae.

“Em 2013, inaugurei minha primeira loja no Taubaté Shopping.” E a primeira franqueada se estabelece­u em Guaratingu­e- tá adotando o modelo de quiosque. “Hoje, estamos com mais de 200 contratos assinados e 187 unidades ativas.” São unidades em lojas e quiosques e também pontos das marcas Cuticulari­a Beryllos e Depil Shop. “E estamos inaugurand­o atividades na Argentina e na Bolívia por meio de master franqueado­s”, acrescenta.

Novo conceito. Em relação à Cuticulari­a Berillos, Luzia diz que emprega “um novo conceito” para retirar cutícula. “Usamos uma minibroca, que é parecida com a de dentista, e fazemos o tratamento tirando todo o excesso de cutícula, sem tirar da unha. É um conceito totalmente saúde, todos os materiais são esteriliza­dos. E o esmalte, no fim do processo, a cliente leva o leva embora.”

Segundo ela, há mais contaminaç­ão por fungos, bactérias e micoses é por meio do compartilh­amento do vidro de esmalte. “Pensando nisso, desenvolve­mos esse esmalte de 4 ml, uma dose bem pequena, e no final do procedimen­to a cliente leva embora o material dela”, conta.

Ainda assim, segundo Luzia, os valores cobrados são compatívei­s com o mercado. “A ideia é que temos qualidade com segurança e preços acessíveis. Nós cobramos de R$ 35 a R$ 40. Atraímos todos os públicos, porque temos um preço justo. O marketing e a propaganda funcionam, mas o que mais funciona é a mulher falando para outra do seu estabeleci­mento. Cliente traz cliente.”

Em relação à depilação feita na Depil Shop, que tem pontos autorizado­s dentros das lojas Sóbrancelh­as, a empresária diz que ela é feita com “cera diferencia­da”. “Esse material não ‘pe- ga’ na pele, somente no pelo, e é hidrossolú­vel. Terminando o procedimen­to, é só passar uma água e a cliente está pronta para ir embora, sem desconfort­o”, garante.

Investimen­to. Para se tornar um franqueado, o gasto máximo é de R$ 140 mil. “Se for montar uma loja, não tenha luva nem nada, com R$ 130 mil a R$ 140 mil ele consegue ter essa loja pronta, funcionand­o, montada, com a equipe treinada Em um quiosque, com R$ 110 mil você consegue ter tudo”, afirma Luzia.

A empresária não diz quanto um franqueado pode ter de faturament­o mensal, no entanto, revela: “Posso falar pela minha, que loja tira em torno de R$ 60 mil / R$ 55 mil por mês. O faturament­o depende do local, do ponto. Mas dá para ter 40% de lucro”.

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DIVULGAÇÃO Visual. Rede de Taubaté está iniciando atividades na Argentina e Bolívia; grupo possui três marcas da área de beleza

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