Espaços se espalham e conquistam as grandes cidades
Locais abrigam dezenas de contêineres e oferecem a quem vive em metrópoles uma área de convivência
Apostar em contêineres como forma de abrigar lojas e restaurantes deu tão certo que surgiram espaços destinados quase exclusivos a negócios nesse formato. Um dos primeiros nasceu em San Diego, na Califórnia, Estados Unidos.
Trata-se do Quartyard, que se denomina um parque urbano formado a partir de um projeto de faculdade. Philip Auchettl, australiano residente na Califórnia, desenvolveu um trabalho de conclusão de curso em arquitetura que acabou se transformando no que hoje é o espaço de convivência. O local abriga contêineres e alguns food trucks, além de realizar shows e eventos privados. “A prefeitura de San Diego tinha um bom terreno, que estava no ócio. Pensei que aquilo não estava certo”, conta Auchettl. “Propusemos ao governo a ideia de utilizar o espaço como um parque urbano, com contêineres, e funcionou. Por meio de um financiamento coletivo, arrecadamos seis mil dólares em apenas alguns dias.”
Desde então, San Diego se tornou um pouco mais receptiva. Além de oferecer, de segunda a segunda, o espaço com restaurante, fábrica de cerveja, café e um pequeno parque para cães, o Quartyard também conta com um grande gramado, destinados aos cães. “Com nosso projeto, conseguimos aumentar o valor da área no entorno, e deixar a comunidade ao redor mais convidativa e amigável”, diz o australiano.
Em São Paulo, esse conceito também já cria suas raízes. O Vila Butantan, localizado no bairro homônimo, abriga 43 contêineres, sendo que 80% deles já estão ocupados. O leque de negócios é grande: de loja de utensílios domésticos a restaurante libanês.
Mobilidade. O responsável pela Vila, Luis Galvão gosta da mobilidade que os contêineres proporcionam. “Não saberia precisar o tempo que ficaremos neste espaço, mas acho que essa mobilidade deixa tu-
Cidade de aço O projeto original do Vila Butantan, na zona oeste de São Paulo, tinha 57 contêineres. Hoje, são 43, com 80% deles já ocupados. São restaurantes, lojas, bares, brechó e até spa. do mais livre”, diz Galvão.
A inspiração para o projeto veio de um shopping móvel da Nova Zelândia, segundo ele. “Fizemos questão de utilizar contêineres legítimos no projeto. Dá muito mais trabalho, mas respeitamos a concepção do que eles são.” A Vila Butantan, assim com a maior parte de espaços como este, também realizam show e eventos.
A maior motivação de Galvão foi semelhante à de Auchettl: o desejo de um espaço, em meio ao urbanismo da cidade, que oferecesse aos cidadãos respiro e modernidade ao mesmo tempo.
“Queríamos uma relação urbana e contemporânea no lugar. É uma tendência mundial: espaços a céu aberto, com uma convivência democrática, como um espaço público, mas com detalhes de urbanismo que fazem a diferença.”