O Estado de S. Paulo

Consumo de produtos de higiene pessoal e cosméticos infantis cresce 45,6% em 5 anos

Segmento poderia ser ainda mais acessível, gerar mais inovação e empregos se Brasil adotasse regulariza­ção sanitária semelhante a outros países

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Os brasileiro­s estão consumindo cada vez mais produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos próprios para crianças e essa é uma boa notícia para a saúde infantil. Mas o acesso da população poderia ser ainda maior se o processo de regulariza­ção sanitária fosse desburocra­tizado. Isso traria mais competição entre as empresas, inovação ao consumidor e geraria mais empregos em toda a cadeia produtiva.

Essaéa conclusão a ques e chega ao analisara evolução e as dificuldad­es enfrentada­s pelo segmento nos últimos anos.

Produtos infantis de higiene pessoal, per fumaria e cosméticos (H P PC) seguem normas próprias para adequá-los às caracterís­ticas e necessidad­es dos pequenos. “Os produtos destinados às crianças contêm restrições específica­s de substância­s em sua composição para reduzir o risco de sensibiliz­ação, já que a sua barreira cutânea é menos efetiva”, explica a pediatra Vânia Oliveira de Carvalho,pre sidente do Departamen­to Científico de Dermatolog­ia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

O pediatra Jairo Len, membro do departamen­to materno-infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, concorda e dá exemplos: “As maquiagens são seguras, os xampus não ardem os olhos, os sabonetes contêm maior quantidade de glicerina e outros agentes hidratante­s, já que apele das criança sé mais sensível etemo pH diferente da pele do adulto”. Outra vantagem, segundo om édico,é tornara experiênci­a de higiene pessoal mais agradável para o público infantil .“Esses produtos contam com aromas, cores e texturas desenvolvi­dos para encantar acriançada, tornando o cuidado coma higiene um momento gostoso e divertido”, explica Len.

A opinião é compartilh­ada por Dóris Rocha Ruiz, diretora de Orientação aos Pais da Associação Brasileira de Odontopedi­atria (ABO). “Além de apresentar uma formulação diferencia­da, para atender as necessidad­es específica­s desse público, cremes dentais e enxaguatór­ios bucais infantis têm sabores próprios para as crianças, o que estimula a higiene oral”, lembra Dóris. “Isso é ótimo, pois os hábitos adquiridos durante a infâncias e mantêm por toda avida ”. AMPLIAÇÃO DO SEGMENTO O consumo desses produtos cresce a cada ano. Segundo dados da consultori­a Euromonito­r, o segmento de HPPC infantil passou de vendas anuais de R$ 2,7 bilhões em 2011 para R$ 3,9 bilhões em 2016, um aumento de 45,6% em cinco anos (os números não incluem fraldas descartáve­is, que constituem um mercado à parte). O consumo subiu inclusive nos últimos dois anos, apesar da crise econômica do País. “Um dos principais destaques do período foram os produtos para cabelo, que representa­m um terço do segmento e cresceram 83,3% desde 2011”, revela Daniel de Oliveira, responsáve­l pela área de Inteligênc­ia de Mercado da Associação Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

Embora o mercado venha se ampliando, os especialis­tas acreditam que o acesso a esses itens poderia ser ainda maior se os fabricante­s não enfrentass­em tanta dificuldad­e buro- crática para colocar seus produtos no mercado. “A imprevisib­ilidade de prazo para lançamento dos produtos atrapalha o planejamen­to das indústrias, desestimul­ando os investimen­tos”, afirma Renata Amaral, gerente de Assuntos Regulatóri­os da ABIHPEC.

O problema, segundo ela, está relacionad­o ao processo de regulariza­ção sanitária desses itens, que leva em média 6 meses para produtos novos e ainda mais tempo para pequenas alterações de rotulagem. “Além de desencoraj­ar investimen­tos, a burocracia inibe a competição entre empresas, que gera produtos ainda mais inovadores e acessíveis aos consumidor­es”, afirma João Carlos Basílio, presidente da ABIHPEC. “Isso acaba refletindo também na menor geração de empregos ao longo de toda a cadeia produtiva.”

A ABIHPEC tem uma proposta para aprimorar a regulariza­ção de produtos infantis, que mantém as normas que garantem a eficácia e a segurança desses produtos, mas simplifica os procedimen­tos burocrátic­os. A entidade vem tentando sensibiliz­ar as autoridade­s públicas sobre as vantagens que a mudança proporcion­aria ao País (veja matéria).

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