Bradesco lucra mais e vê queda no crédito
Resultado do banco mostrou alta de 13% nos ganhos do 2º trimestre, mas instituição cortou expectativa para carteira de crédito em 2017
O Bradesco divulgou ontem lucro líquido ajustado de R$ 4,7 bilhões no segundo trimestre, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. No primeiro semestre, o banco lucrou R$ 9,35 bilhões, avanço de mesmo porcentual sobre o resultado de um ano atrás. O balanço foi recebido sem surpresas por investidores, e as ações fecharam em queda ontem: baixa de 0,13% no papel preferencial e de 1,01% no ordinário.
A revisão para baixo das previsões para o crédito em 2017 pode ter feito o comportamento das ações pender para o lado negativo. A nova projeção do banco prevê queda de até 5% em sua carteira de crédito em 2017 – na melhor das hipóteses, o Bradesco trabalha com uma retração de 1% no acumulado do ano. Anteriormente, a expectativa do banco era de expansão.
Esse corte nas projeções reflete um cenário “ainda bastante difícil”, segundo o diretor de relações com o mercado do banco, Carlos Firetti. “Quando fechamos o ano sempre procuramos acertar o máximo possível, mas o cenário continua bastante difícil”, afirmou ele, ontem.
A carteira de crédito do Bradesco fechou o mês de junho em R$ 493,6 bilhões, queda de 1,8% em relação ao trimestre anterior. Há um ano, o saldo era de R$ 447,5 bilhões – a expansão, portanto, foi de 10,3%.
Inadimplência. O índice de inadimplência do Bradesco, considerados atrasos acima de 90
dias, ficou em 4,9% no segundo trimestre, queda de 0,7 ponto porcentual sobre o primeiro trimestre, mas superior ao resultado de 4,6% referente ao segundo do lado das receitas com o HSBC”, disse. As sinergias operacionais devem ocorrer até o fim de 2018. Gluher não quis, contudo, citar expectativas sobre as adesões que o programa de PDV terá. Conforme antecipou o ‘Estadão/Broadcast’, o banco espera, ao menos, 5 mil colaboradores, mas pode chegar a 10 mil funcionários em uma estimativa mais otimista. O programa começou dia 17 e vai até 31 de agosto. Sobre a reforma trabalhista, Gluher disse que as mudanças aprovadas
trimestre de 2016.
As despesas com provisão para eventuais calotes do Bradesco somaram R$ 4,97 bilhões de abril a junho, queda de 1,1% em devem “pacificar” as relações de trabalho à medida que sejam implantadas e estejam maduras. Acrescentou, contudo, que o banco não espera redução das provisões trabalhistas, uma vez que tratam de fatos passados. “A reforma trabalhista tem poder para desjudicializar as relações de trabalho, torná-las mais fluidas e mais diretas. Mas é muito cedo precisar o tipo de efeito ou o tamanho e quando os impactos serão percebidos”, avaliou o executivo./A.B.
relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 5,02 bilhões. O saldo total do indicador somou R$ 37,5 bilhões em junho, alta de 17,8% sobre 2016, de R$ 31,875 bilhões.
Recuperação. O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que o cenário para o segundo semestre é o melhor dos últimos três anos e que o banco segue com visão otimista em relação ao Brasil. “Não vemos razões para sermos pessimistas com relação ao futuro do Brasil”, disse ele ontem, ao comentar o balanço.
Na visão do executivo, o País segue com fundamentos sólidos, que incluem queda dos juros e inflação controlada, a despeito do aumento das incertezas no campo político após as delações da JBS. Trabuco disse, contudo, que esse ruído gerou um “ajuste benigno” nos preços dos ativos brasileiros.
Trabuco afirmou ainda, que o debate sobre as contas do governo indica um novo ciclo econômico à frente e que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro irá retomar sua expansão, mas sem prever uma data para que isso ocorra. Ele destacou também que o período de recessão e de crise política deixaram rastro de demandas reprimidas tanto nas empresas quanto nas famílias, sinalizando a existência de oportunidades futuras.
Lucro contábil. O lucro líquido contábil do Bradesco somou R$ 3,91 bilhões no segundo trimestre, declínio de 5,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. A diferença entre o resultado ajustado e o contábil se dá por influências referentes à aquisição do HSBC e da Cielo, da qual o banco é sócia.