O Estado de S. Paulo

SP tem 104 panes por dia nos semáforos

Trânsito. Houve falhas em 4.312 dos 6.399 aparelhos da capital, segundo levantamen­to feito pelo ‘Estado’; há 50 equipament­os que se quebraram mais de 25 vezes em 2017. Especialis­tas cobram a modernizaç­ão do sistema e CET promete lançar PPP até 2020

- Bruno Ribeiro

Dois em cada três semáforos quebraram pelo menos uma vez neste ano em São Paulo. Foram registrada­s 19.846 panes, média de 104 por dia. A Prefeitura culpa chuvas e furtos de equipament­os pelos problemas. Ontem, foram assinados contratos para a retomada dos serviços de manutenção, parados desde o começo de 2017.

Neste ano, dois em cada três semáforos instalados na capital paulista já quebraram ao menos uma vez, deixando cruzamento­s sem sinalizaçã­o. Foram 4.312 dos 6.399 aparelhos danificado­s, segundo levantamen­to feito pelo Estado, com base em informaçõe­s da Prefeitura. Ontem, a gestão João Doria (PSDB) anunciou a assinatura de contratos para retomar os serviços de manutenção dos equipament­os, paralisado­s desde o começo de 2017.

Sem essa manutenção, a capital paulista enfrentou 19.846 panes – e há 50 equipament­os que se quebraram mais de 25 vezes no ano. Isso dá uma média de 104 panes por dia, mais de quatro a cada hora no ano.

As informaçõe­s foram repassadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados mostram que o problema aparece em toda a cidade, mas se concentra na região central, onde há também a maioria dos equipament­os. O semáforo campeão de ocorrência­s fica na Rua Angélica, em Higienópol­is, na esquina com a Rua Maceió (mais informaçõe­s nesta página). Nesse caso específico, a CET informou, por meio de nota, que havia um problema não solucionad­o entre a empresa e a concession­ária de fornecimen­to de energia. “Diante do cenário, a companhia fez uma adaptação na regulagem de tensão para corrigir a falha em junho”, diz a empresa.

O maior tipo de falha apontada pela CET foi “semáforo apagado”, com 5,5 mil registros. É um tipo de falha em geral relacionad­a com problemas elétricos no sistema. Na sequência, há “semáforo em amarelo intermiten­te”, quando a sincroniza­ção entre os diversos grupos focais que compõem o semáforo de um cruzamento entram em pane – e, por segurança, o sistema se desliga, à espera do técnico para fazer a manutenção.

A CET argumenta que, neste ano, houve ainda outros contratemp­os. “Janeiro de 2017 teve o terceiro maior índice pluviométr­ico de toda a série histórica do Centro de Gerenciame­nto de Emergência­s”, diz a empresa. “Além disso, até julho de 2017 foram registrado­s mais de 400 casos de furtos em semáforos na capital.” A empresa afirma que um único caso de furto pode compromete­r até seis sinais.

Contratos. A contrataçã­o para a manutenção da rede foi assinada ontem, por R$ 40,8 milhões. Três empresas ficarão responsáve­is cada uma por uma área do Município. O Consórcio MCS Inteligent­e vai atuar em parte da região central e na zona leste. O Consórcio Semáforo Paulistano ficou com parte da área central e as zonas norte e oeste. Já a empresa Arc Comércio Construção vai trabalhar em parte da região central e na zona sul.

Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito (Abeetrans), Silvio Médici, os novos contratos devem pôr fim à onda de apagões da cidade. Mas não é a principal medida para melhorar essa área da gestão pública. “Agora, é preciso investir para a melhoria dos equipament­os.”

Ele diz que, até o ano passado, foram adotadas medidas para reduzir panes como o isolamento da fiação elétrica, a troca de controlado­res semafórico­s e a instalação se sistemas no break, que mantêm faróis acesos em casos de queda de energia. “Esses investimen­tos precisam ser aprimorado­s para que se tenha um controle inteligent­e do tráfego”, explicou.

“A CET prevê ainda nesta gestão lançar uma PPP (Parceria Público Privada) para modernizar todo o parque semafórico da cidade, renovando os equipament­os e adotando nova tecnologia”, informou a companhia, por meio de nota.

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