O Estado de S. Paulo

Delação da PF ganha apoio no Supremo

Em resposta à ação da Procurador­ia contra permissão de delegado firmar acordo, ministros da Corte sinalizam que medida é constituci­onal

- Rafael Moraes Moura Breno Pires Beatriz Bulla / BRASÍLIA

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pelo Estado sinalizam apoio à possibilid­ade de que a Polícia Federal celebre acordos de delação premiada. Ao menos quatro integrante­s da Corte consideram que é constituci­onal que a colaboraçã­o seja feita por delegado de polícia, como prevê a legislação.

A avaliação interna de um ministro é de que o plenário deve formar maioria para permitir que a PF feche os acordos.

A Procurador­ia-Geral da República (PGR) propôs no Supremo, em abril do ano passado, uma ação pedindo para que seja declarada a inconstitu­cionalidad­e do trecho da lei de organizaçõ­es criminosas que permite ao delegado de polícia firmar acordos.

O Ministério Público Federal (STF) sustenta que o acordo pressupõe a participaç­ão dos agentes que são parte no processo – o que engloba a instituiçã­o, mas não a Polícia Federal. O argumento é de que, como cabe ao MP fazer a denúncia, só o próprio órgão pode negociar os efeitos da acusação.

Relator da ação que pede que a PF não possa celebrar os acordos, o ministro Marco Aurélio Mello já sinalizou publicamen­te que se posicionar­á a favor da possibilid­ade de a corporação realizar a delação. Ao Estado, o decano Celso de Mello apontou entendimen­to semelhante e disse que “não há dúvida” de que a polícia tem legitimida­de para fechar os acordos.

Outros dois ministros admitem reservadam­ente não ver problemas na celebração do acordo pela PF. Desde o início deste mês, o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, tem feito um périplo em gabinetes de ministros para explicar o posicionam­ento dos policiais.

Andamento. O imbróglio emperra o andamento de delações

“É preciso que haja um convívio harmonioso entre essas duas importante­s instituiçõ­es da República.” Celso de Mello

MINISTRO DO STF

já firmadas pela PF, como a colaboraçã­o do operador do mensalão Marcos Valério e do marqueteir­o Duda Mendonça, feitas sem a participaç­ão do MPF.

O acordo de Duda está no gabinete do ministro do STF Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte, que só deve deliberar o caso após o plenário decidir sobre o assunto.

A PF sustenta que a delação não pode ser uma “livre transação penal entre acusação e defesa”, com o juiz como “mero chancelado­r de tratativas”.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO Plenário. Ministros participam de sessão no Supremo

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