O Estado de S. Paulo

Ex-governador­es são indiciados por corrupção no Mané Garrincha

José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz estão entre os 21 suspeitos de superfatur­ar obra de estádio de Brasília

- Fabio Serapião Fábio Fabrini / BRASÍLIA

A Polícia Federal indiciou 21 pessoas pelo superfatur­amento de R$ 559 milhões e corrupção nas obras do Estádio Mané Garrincha, em Brasília. Entre os indiciados por peculato, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organizaçã­o criminosa estão os ex-governador­es do Distrito Federal José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), e o ex-vice-governador Tadeu Filipelli (PMDB), que foi assessor do presidente Michel Temer.

Segundo a PF, a construção do estádio da Copa do Mundo de 2014, orçada em cerca de R$ 600 milhões, foi entregue ao preço de R$ 1,575 bilhão.

Assinado pela delegada federal Fernanda Costa de Oliveira, o relatório encerra a investigaç­ão que tem origem nos acordos de leniência e delação da Andrade Gutierrez e de seus executivos e que resultou na Operação Panatenaic­o, deflagrada pela PF em 27 de maio deste ano.

Filipelli, Agnelo e Arruda chegaram a ser presos na operação por ordem do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, mas foram soltos após recorrerem ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1).

Diferentem­ente dos demais estádios da Copa que foram financiado­s com dinheiro público, o Mané Garrincha não recebeu empréstimo­s do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES). A obra foi financiada com recursos da Terracap, estatal do DF com 49% de participaç­ão da União, que, segundo a PF, não atua nesse tipo de operação e hoje se encontra em dificuldad­es financeira­s.

Propina. “Foi narrada a entrega de propina aos ex-governador­es do Distrito Federal José Roberto Arruda e Agnelo Queiroz e ao ex-vice-governador Tadeu Filippelli”, diz o relatório. O delator Clóvis Renato Peixoto Primo, em depoimento usado no inquérito, declarou que Filippelli “também solicitou pagamento de propina à Andrade”.

A PF também sugere que seja analisada a possibilid­ade de rever o acordo de leniência firmado com a Andrade Gutierrez por causa de superfatur­amento “averiguado unilateral­mente por meio dos laudos periciais” produzidos na investigaç­ão.

O advogado de Arruda, Paulo Catta Preta, disse que não concorda com a interpreta­ção da PF, pois a licitação “somente ocorreu cinco meses” após sua saída do governo. Daniel Gerber, que representa Queiroz, disse que ele “se declara inocente das acusações”. Em nota, a Andrade Gutierrez informou que continua “colaborand­o com as investigaç­ões”. O Estado procurou a defesa de Filipelli, mas não obteve resposta.

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