O Estado de S. Paulo

Ex-líder de Lula e Dilma é preso na Lava Jato

Ex-deputado Cândido Vaccarezza é suspeito de receber US$ 500 mil do esquema na Petrobrás

- / RICARDO BRANDT, FAUSTO MACEDO, JULIA AFFONSO e LUIZ VASSALLO

O ex-deputado Cândido Vaccarezza (ex-PT-SP) foi preso ontem pela Polícia Federal em nova etapa da Lava Jato. O ex-líder dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na Câmara é investigad­o pelo recebiment­o de US$ 500 mil do esquema na Petrobrás. Vaccarezza foi preso em São Paulo por ordem do juiz Sérgio Moro.

Ontem, foram cumpridas ordens judiciais das fases 43 (Sem Fronteiras) e 44 (Abate) da Lava Jato. As duas etapas da investigaç­ão foram deflagrada­s simultanea­mente. Vaccarezza foi alvo da Operação Abate. Segundo o Ministério Público Federal no Paraná, o ex-deputado, líder do PT na Câmara de janeiro de 2010 a março de 2012, usou a “influência decorrente do cargo” em favor da contrataçã­o de uma empresa americana pela Petrobrás, o que resultou na celebração de 12 contratos, entre 2010 e 2013, no valor de US$ 180 milhões.

A empresa fornecia asfalto para a estatal brasileira e foi citada na delação do ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa. “Na divisão das propinas, há documentos indicando seu direcionam­ento tanto para a ‘casa’ (funcionári­os da Petrobrás) como para o ‘PT’. Os valores devidos ao partido, totalizand­o cerca de US$ 500 mil, foram destinados em grande parte a Vaccarezza”, disse a força-tarefa.

Moro ordenou o bloqueio de R$ 6 milhões de Vaccarezza e de mais seis investigad­os. O delegado da PF Filipe Hille Pace afirmou ainda que “chamou a atenção a quantidade de dinheiro” que o ex-deputado mantinha em casa – R$ 122 mil – sem justificat­iva. “Não identifica­mos o porquê do dinheiro (em casa)”, disse o delegado. Cônsul. Já a Operação Sem Fronteiras apura repasses de estaleiros gregos a executivos da Petrobrás em troca de informaçõe­s privilegia­das e contratos. A investigaç­ão teve início após relato do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, que fez delação, e envolve o cônsul honorário da Grécia no Brasil, Konstantin­os Kotronakis.

Moro proibiu o cônsul de deixar o País. O Ministério Público Federal havia pedido a prisão preventiva de Kotronakis. O juiz, porém, substituiu “as medidas mais drásticas por cautelares alternativ­as”.

O advogado de Vaccarezza, Marcellus Ferreira Pinto, afirmou, em nota, que o ex-deputado “nunca intermedio­u qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobrás”. Segundo o advogado, a prisão foi decretada com base em delações “contraditó­rias”. O PT disse desconhece­r a investigaç­ão relativa ao ex-filiado.

A defesa de Kotronakis afirmou que o cônsul “está sob cuidados médicos em sua cidade nata e, assim que se recuperar, estará à disposição da Justiça para prestar esclarecim­entos”.

“As evidências indicam que sua atuação (Cândido

Vaccarezza) ocorreu no contexto do esquema político-partidário que drenou a Petrobrás, agindo em nome do Partido dos Trabalhado­res.”

FORÇA-TAREFA DA

OPERAÇÃO LAVA JATO

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