O Estado de S. Paulo

Uso de veículo dribla aparato antiterror­ista

- Roberto Godoy

Não há como evitar o trânsito da van do terror. O alerta na Espanha está há 26 meses no nível 4, o penúltimo na escala de 5. Segundo o Centro de Inteligênc­ia contra Terrorismo e Crime Organizado (Citco) de Madri, desde maio de 2015, a sinalizaçã­o “é a vermelha-1, indica agressão iminente”. Na prática, significa a mobilizaçã­o máxima da máquina de segurança interna montada pelo governo espanhol.

O tamanho da estrutura é sigiloso. Uma avaliação estimava, há três anos, em 33 mil o número de agentes fixos. O Citco pode muito. Realiza monitorame­nto das comunicaçõ­es, faz escutas telefônica­s, rastreia pessoas, mobiliza esquadrões táticos e monta investigaç­ões com certa liberalida­de quanto aos direitos individuai­s. Reúne todas as agências e serviços do setor. Ainda assim, não conseguiu antecipar o ataque de Barcelona.

O alerta de alto risco mobilizou em junho de 2005 cerca de 3 mil combatente­s, todos empenhados no trabalho de campo. O Ministério do Interior admite a prisão de “180 terrorista­s da jihad” nos últimos dois anos. Não se sabe quantos permanecem encarcerad­os. Nessa fase, os times especializ­ados, militares e policiais, encontrara­m evidências de que havia uma ação em preparo, provavelme­nte a explosão de uma bomba.

Este tipo de ataque implica pessoal treinado, equipament­o, explosivos e logística. “O uso de um caminhão, uma van ou mesmo um carro comum não tem forma nem cheiro. Só precisa de um terrorista que saiba dirigir e seja maluco o suficiente para invadir uma rua para atropelar quantas pessoas puder”, disse ontem o ex-capitão Edoardo, veterano do contingent­e espanhol enviado à Guerra do Iraque e atualmente integrante de uma empresa americana de segurança militar.

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