O Estado de S. Paulo

Licenciame­ntos e arranjo político derrubam secretário

Titular do Verde, Natalini será a quarta pessoa do primeiro escalão de Doria a deixar o cargo desde o início da gestão

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Atritos envolvendo projetos e licenças ambientais e uma negociação política feita pelo prefeito João Doria (PSDB) para acomodar mais dois partidos – PR e PSB – na Prefeitura de São Paulo derrubaram o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Gilberto Natalini (PV). Ele deve deixar o cargo na próxima terça-feira e reassumir o mandato de vereador.

O Estado apurou que um dos fatores que pesaram na saída de Natalini, o quarto secretário a deixar a gestão em oito meses, envolve o licenciame­nto ambiental de obras. Ele teria denunciado à Controlado­ria-Geral do Município (CGM) um esquema que fraudava licenças para viabilizar edificaçõe­s irregulare­s. Doria ouviu a queixa e teria dito ao secretário que o caso será investigad­o pelo novo controlado­r, Guilherme Mendes, que assumiu ontem.

Segundo o Estado apurou, o prefeito estava descontent­e com o trabalho de Natalini, que teria dificultad­o o licenciame­nto ambiental de obras e não conseguiu contratar os serviços de zeladoria dos parques.

A licitação foi suspensa em março pelo Tribunal de Contas do Município (TCM).

Outro ponto de desgaste envolveria

o chamado Corredor Verde na Avenida 23 de Maio, inaugurado neste mês. O jardim vertical nos muros da avenida foi feito usando regras de um Termo de Compensaçã­o Ambiental (TCA) por cortes de árvores feito na gestão Fernando Haddad (PT), criticado por ambientali­stas e contestado na Justiça por Natalini, vereador na época. Apesar da crítica, Doria disse ao secretário que vai expandir a ideia.

Arranjo. Desgastado, Natalini virou “solução” para uma minirrefor­ma que Doria já pretendia fazer em seu secretaria­do para abrigar o PSB, que ficou sem cargo após a saída de Eliseu Gabriel em julho, e o PR, que apoiou Haddad na eleição. A adesão do PR ao governo foi selada em almoço do prefeito com o presidente da sigla, Antonio Carlos Rodrigues, no início do mês. A pasta que será dada ao PR, que tem quatro vereadores na Câmara, deve ser anunciada hoje, em almoço de Doria com os parlamenta­res aliados. O tucano quer aprovar ainda neste semestre o pacote de concessões e privatizaç­ões.

Procurado, Doria disse que “tem profundo respeito, admiração e amizade pessoal com Natalini”. Ele, por sua vez, não quis se manifestar.

Além de Natalini e Eliseu Gabriel, do Trabalho, também deixaram a Prefeitura as então secretária­s Soninha Francine (PPS), de Assistênci­a Social, e Patrícia Bezerra (PSDB), de Direitos Humanos. Ontem, Doria também trocou os prefeitos regionais da Penha e Vila Prudente.

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