Latrocínio atinge maior patamar em 14 anos
Estado de São Paulo teve 237 casos de roubo seguido de morte neste ano, até julho. Secretaria diz investigar casos, mas admite dificuldades
O Estado de São Paulo registrou o maior número de latrocínios (roubo seguido de morte) desde 2003, no acumulado de janeiro a julho. Houve 237 casos neste ano, com 240 vítimas. No mesmo período do ano passado, foram 198. Já em 2003 – maior número da série histórica – aconteceram 342 crimes do tipo. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
“O latrocínio é o roubo que não deu certo. A violência às vezes se banaliza de tal forma que qualquer esboço de reação da vítima termina provocando uma ação violentíssima do assaltante. Esse tipo de crime é muito difícil de combater porque acontece muito rápido”, avalia o secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho.
O secretário destacou que todos esses crimes estão sob investigação. “Quase todos já têm autoria estabelecida.”
Apesar da alta do crime quando se analisa os dados consolidados de 2017, no mês passado foram registrados 33 crimes, dois a menos que no mesmo período de 2016. O número de vítimas foi 5,71% menor do que em 2016. Ao menos 16 criminosos foram detidos em julho.
Na capital, o número de latrocínios em julho foi de 11, 2 casos a mais do que no ano passado. Já na Grande São Paulo houve estabilidade, com duas ocorrências tanto neste ano quanto em 2016. A delegacia que mais registrou latrocínios foi o 1.º DP de Carapicuíba, na Grande São Paulo, com 14 casos, seguido pelo 38.º DP (Vila Amália), na zona norte da capital, com 13.
“O latrocínio é o extremo da ação criminosa. O primeiro intento é roubar, mas ele acaba matando. O que falta é abordagem. A PM tem dificuldade de abordar pessoas na rua porque a demanda de atendimento é muito grande”, diz o ex-comandante da PM Benedito Roberto Meira.
Investigação. Para o diretor executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques, a alta do latrocínio tem relação direta com o aumento de crimes contra o patrimônio. “Era algo que se poderia prever. Há aumento de roubos a celulares e também vemos um crescente número de roubos a residências, que são mais propensos a terminar em latrocínio”, diz o especialista.
Estudo do Sou da Paz com dados de 2016 apontou que o latrocínio mais comum acontece com roubos a residência – 1 morte a cada 211 assaltos, seguido por roubos a estabelecimento (1 em 655) e saídas de banco (1 em 987). “É preciso valorizar a investigação, pois um roubo a residência não é um crime de oportunidade. É preciso estudar a situação”, diz Marques.