O Estado de S. Paulo

Produção com mais tecnologia puxa reação da indústria

Produção de celulares, computador­es, TVs, automóveis e máquinas agrícolas avançou mais que a média da indústria no 1º semestre

- Daniela Amorim Mariana Durão Vinicius Neder / RIO

As indústrias que usam mais tecnologia em suas linhas de montagem, como as fabricante­s de eletroelet­rônicos, automóveis e máquinas, têm puxado a reação da produção industrial este ano. Um estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvi­mento Industrial (Iedi) obtido com exclusivid­ade pelo ‘Estadão/Broadcast’ revela que esses setores cresceram acima da média no primeiro semestre deste ano.

O movimento foi puxado pela produção de telefones celulares, computador­es, TVs, automóveis e máquinas para o setor agrícola. Uma demanda impulsiona­da pela liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviços (FGTS) inativo, pelas exportaçõe­s e pela supersafra de grãos.

O estudo do Iedi divide a indústria em quatro categorias de intensidad­e tecnológic­a: alta, média-alta, média-baixa e baixa. No primeiro semestre, as duas primeiras categorias cresceram acima da produção industrial total, que avançou 0,5% ante 2016, o primeiro cresciment­o após seis semestres de queda. A produção da indústria de alta intensidad­e avançou 1,4%, enquanto a de média-alta cresceu 2,7%. Já as indústrias de médiabaixa e baixa intensidad­e ficaram com desempenho abaixo da média, com quedas de 3,1% e 0,2%, respectiva­mente.

O cenário mais positivo já surgiu, por exemplo, no balanço da Weg do segundo trimestre, divulgado há um mês. A fabricante de equipament­os eletroelet­rônicos para automação registrou lucro líquido de R$ 272 milhões, cresciment­o de 6,7% sobre o mesmo período de 2016, embora a receita líquida tenha caído 2,3%, para R$ 2,3 bilhões.

Nos comunicado­s ao mercado sobre os resultados, a Weg citou que “o cenário doméstico é de relativa melhora”. Além disso, houve recuperaçã­o de vendas nos principais mercados da companhia no exterior, embora a receita com exportaçõe­s tenha sido atrapalhad­a pelo câmbio, disse o diretor André Luís Rodrigues, a analistas no mês passado.

Segundo o Iedi, o cresciment­o na produção das indústrias

Rafael Cagnin

mais tecnológic­as também foi marcado por uma base de comparação ruim – no início de 2016, a atividade industrial foi fraca. Ainda assim, a safra de grãos recorde esperada para este ano estimulou a demanda no campo por bens de capital, o setor externo absorveu a fabricação de automóveis, enquanto a liberação de contas inativas do FGTS impulsiono­u as vendas de eletrodomé­sticos da linha marrom, como televisore­s.

Juros. Parte desses fatores perderá força no resto do ano, mas a queda nos juros pode ajudar esses setores, segundo Rafael Cagnin, economista-chefe do Iedi. “Os recursos do FGTS não terão a mesma força, mas outros fatores podem compensar, como a melhora no quadro de crédito, com quedas nas taxas de juros. A renda dos trabalhado­res voltou a crescer, e a inflação mais baixa também está liberando a renda das famílias para outros consumos, para itens que não sejam essenciais.”

No primeiro semestre, a produção de equipament­os de TV e comunicaçã­o saltou 24,3%; equipament­os de informátic­a cresceram 6%; veículos automotore­s aumentaram 11,7%; e máquinas e equipament­os mecânicos tiveram alta de 2,4%. Dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica apontam que o cresciment­o da produção da indústria eletroelet­rônica (3,1%) no semestre ocorreu em função da alta de 18,5% na área eletrônica, uma vez que a indústria elétrica recuou 7,1%.

“Os recursos do FGTS não terão a mesma força, mas outros fatores podem compensar, como a melhora no crédito, com queda dos juros” Perspectiv­a

ECONOMISTA-CHEFE DO IEDI

 ?? JONNE RORIZ/ESTADÃO - 9/2/2011 ?? Reflexo. Lucro da Weg cresceu 6,7% no segundo trimestre
JONNE RORIZ/ESTADÃO - 9/2/2011 Reflexo. Lucro da Weg cresceu 6,7% no segundo trimestre

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