China vai investigar se Brasil usa dumping para exportar frango
País vende aos chineses US$ 860 milhões por ano; setor diz não acreditar que China reduzirá importações
A China anunciou ontem que vai investigar a existência de dumping nas exportações de frango brasileiro para aquele país. A medida pode afetar vendas que totalizaram US$ 860 milhões no ano passado. Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), o mercado chinês absorveu 15% das exportações brasileiras de frango no ano passado e ocupou o segundo posto do ranking, atrás apenas da Arábia Saudita.
O dumping é uma prática desleal de comércio que consiste em exportar um produto abaixo do preço cobrado no mercado local e, com isso, causando dano à produção do país importador. Quando ela é comprovada, o mercado de destino pode aplicar uma taxação adicional, de forma a compensar a distorção de preço.
“Não acredito que a China venha a reduzir importações”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Ele aposta numa resolução rápida e diplomática, sem prejuízos para as exportações.
As principais exportadoras de carne de frango do Brasil – a BRF, dona da Sadia e Perdigão, e a JBS, da marca Seara – foram procuradas pelo Estadão/Broadcast, mas não quiseram se pronunciar. De acordo com as empresas, o assunto será tratado por meio da ABPA.
Investigação.“Não há essa situação”, afirmou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Ele disse que acompanhará de perto o processo, cujas negociações serão lideradas pelos ministérios das Relações Exteriores e pelo MDIC.
Uma investigação de dumping demora um ano para ser concluída, explicou o diretor do Departamento de Proteção Comercial (Decom) do MDIC, Marco César Saraiva da Fonseca. Porém, a China poderá impor uma taxação provisória caso encontre indícios fortes da existência do dumping, de dano ao mercado local e de nexo de causalidade entre os dois fatos. Essa medida, porém, não poderá ser tomada antes de 60 dias após o início da investigação.