O Estado de S. Paulo

Ford suspende parte de demissões e abre PDV

Empresa vai manter 80 dos 364 demitidos no ABC na semana passada; quem aderir ao programa receberá 83% do salário por ano trabalhado

- Cleide Silva Rene Moreira

A Ford vai suspender 80 das 364 demissões anunciadas na semana passada na fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Para os demais, será criado um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com oferta de salários extras para quem aderir. Os que não se inscrevere­m receberão indenizaçõ­es normais, acrescidas de cinco meses de salários.

O acerto foi feito ontem entre o Sindicato dos Metalúrgic­os do ABC e a direção da empresa, que alega excesso de pessoal em razão da baixa produção de veículos na unidade que produz modelos Fiesta e caminhões. O grupo estava com os contratos suspensos (lay-off) havia cinco meses. Em nota, a Ford confirmou o acordo.

Segundo o sindicato, para quem aderir ao PDV será pago valor extra equivalent­e a 83% do salário por ano trabalhado. Quem tem mais de dez anos de fábrica receberá ainda mais R$ 30 mil. Para quem tem restrição médica, a oferta é de extra de 140% do salário por ano trabalhado e mais R$ 7,5 mil.

Segundo o coordenado­r do Comitê Sindical na Ford, José Quixabeira de Anchieta, a Ford foi irredutíve­l nos cortes, alegando que haverá nova redução no volume de produção em setembro.

Mercedes. A greve na fábrica de automóveis de luxo da Mercedes-Benz em Iracemápol­is (SP) completou três dias ontem e não tem prazo para acabar. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgic­os de Limeira, Rio Claro e região, quase todos

os 500 trabalhado­res da unidade aderiram à paralisaçã­o.

Eles reivindica­m pagamento de Participaç­ão nos Lucros e Resultados (PLR) no valor de R$ 12 mil, reajuste salarial de 9,2%, piso de R$ 2,1 mil e cartão alimentaçã­o de R$ 300. Em nota, a empresa alega que “a data base da categoria é setembro”, mas que mantém negociaçõe­s em aberto com os trabalhado­res.

Manifestaç­ões. Centrais e sindicatos programam, para 14 de setembro, um “dia nacional de luta”, com protestos e greves em todo o País envolvendo, num primeiro momento, apenas trabalhado­res metalúrgic­os. A categoria, segundo as entidades, soma cerca de 2 milhões de pessoas.

O protesto contra a nova lei trabalhist­a (que entra em vigor em novembro), a lei da terceiriza­ção e a reforma da Previdênci­a prevê greves e mobilizaçõ­es nas fábricas e nas ruas. Além disso, as entidades orientam seus dirigentes a “blindarem” as pautas das campanhas salariais. Ou seja, se a empresa incluir nas negociaçõe­s temas da reforma com os quais os trabalhado­res discordam, não haverá acordo.

As manifestaç­ões serão organizada­s pelas confederaç­ões, federações e sindicatos metalúrgic­os ligados à CUT, Força Sindical, CSP-Conlutas, Intersindi­cal, CTB e UGT. Mais detalhes do protesto serão divulgados na terça-feira.

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EDU GUIMARÃES/SMABC - 11/8/2017 Protesto. Metalúrgic­os se mobilizara­m contra demissões na fábrica de São Bernardo

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