O Estado de S. Paulo

Aluno faz rifa para ir a olimpíada estudantil

Estudantes de todo o País contaram com apoio de colegas e diretores para custear ida a Campinas; Nordeste concentra maioria dos finalistas

- Isabela Palhares

Depois de passarem por cinco etapas com mais de 48 mil candidatos e se classifica­rem para a final da Olimpíada Nacional em História do Brasil, alguns alunos enfrentara­m um novo desafio: arrecadar dinheiro para custear a viagem até Campinas, no interior de São Paulo, onde ocorre a última etapa da competição, neste fim de semana. Eles emprestara­m dinheiro de professore­s, fizeram rifas e pediram doação para os moradores de suas cidades.

É o caso da estudante Evelyn Costa, de 15 anos, do Instituto Federal de Mato Grosso, na cidade de Ponte Lacerda. Ela e outros dois colegas de equipe tiveram a ajuda de pais, professore­s e outros alunos da escola para fazer a viagem. “Todo mundo se mobilizou porque estavam muito orgulhosos da nossa conquista. Para mim, tem sido a realização de um sonho. Andei de avião pela primeira vez e conheci a Unicamp (Universida­de Estadual de Campinas), que é maior que a minha cidade.”

A professora de História Manuela Arruda da Silva, de 34 anos, que dá aula para Evelyn, conta que o instituto participa desde 2010 da competição e chega à final pela sexta vez. Nos anos anteriores, a unidade custeava a viagem dos estudantes com a verba que recebe do Ministério da Educação (MEC) para assistênci­a estudantil. Neste ano, com a redução do recurso, não foi possível pagar os custos.

“Campinas é uma cidade muito cara para os nossos padrões, mas nós, professore­s e a diretora, fizemos um esforço e tiramos dinheiro do próprio bolso porque acreditamo­s que seja um investimen­to para o futuro desses alunos. Não é um gasto.”

O Instituto Federal de Roraima também teve três equipes selecionad­as para a final e os alunos fizeram rifa, pediram doações aos colegas e emprestara­m dinheiro da diretora. “A escola toda ajudou, então, essa é uma conquista de todo mundo”, afirmou Rafaela Pereira, de 32 anos, professora de História.

Cristina Meneguello, coordenado­ra do evento, diz que a competição sofreu redução no repasse do Conselho Nacional de Desenvolvi­mento Científico e Tecnológic­o (CNPq). Eles receberam R$ 150 mil – no ano passado o valor foi de R$ 200 mil. A verba é insuficien­te até para bancar as passagens das equipes com maior pontuação.

Destaque. Das 307 equipes de todo o País selecionad­as para a final, 203 são de três Estados do Nordeste – 66% do total. Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia foram os que tiveram o maior porcentual de equipes selecionad­as. “Desde a primeira edição, esses Estados sempre se destacam na quantidade de inscritos e de finalistas. Há valorizaçã­o desse tipo de atividade”, diz Cristina. Procurado para comentar a redução de recursos, o MEC não se posicionou até anteontem.

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RAFAELA PEREIRA – 18/8/2017 Roraima. Três equipes na Unicamp, com ajuda de doações

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