O Estado de S. Paulo

Manifestaç­ão antirracis­mo leva 40 mil às ruas de Boston

Ao menos 27 pessoas foram presas durante protesto contra evento de militantes de extrema direita na cidade

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Milhares de manifestan­tes foram às ruas de Boston, em Massachuse­tts, ontem, para denunciar o racismo e a extrema direita, em um protesto marcado por confrontos com a polícia, em um clima de tensão nos Estados Unidos, após a violência em Charlottes­ville, na Virgínia, e a controvert­ida reação do presidente americano, Donald Trump.

“Não há lugar para o ódio” e “Fora nazistas” diziam alguns dos cartazes trazidos na passeata pelos cerca de 40.000 manifestan­tes, segundo a polícia, que vieram a este reduto democrata para contrabala­nçar uma concentraç­ão próxima convocada oficialmen­te a favor da “liberdade de expressão”, mas que reunia militantes de extrema direita.

Depois de uma semana de tensão nos EUA, com a derrubada apressada de monumentos confederad­os, considerad­os por muitos símbolos racistas, a polícia de Boston mobilizou mais de 500 agentes para separar os dois grupos.

Apenas algumas centenas de pessoas se concentrar­am na manifestaç­ão na qual se antecipou a presença de militantes de extrema direita, segundo imagens do encontro, que terminou meia hora antes do previsto.

Ao final da passeata antirracis­mo, manifestan­tes foram reprimidos pela polícia, que investiu contra eles usando equipament­os antimotim. As autoridade­s realizaram 27 detenções, disse o delegado William Evans. Ele contou, ainda, que não houve nenhum ferido grave.

Os conflitos de ontem estiveram longe do nível de violência registrado em Charlottes­ville, onde um simpatizan­te neonazista lançou o carro que dirigia contra uma multidão, matando uma mulher de 32 anos e deixando 19 feridos.

A manifestaç­ão em Boston encerrou uma semana de alta tensão sobre o tema racial nos EUA. Embora inicialmen­te tenha chamado os manifestan­tes antirracis­tas de “agitadores”, ao fim da marcha Trump expressou-se em um tom mais positivo. “Quero aplaudir os muitos manifestan­tes de Boston, que se expressam contra a intolerânc­ia e o ódio. Nosso país estará unido em breve”, escreveu em sua conta no Twitter.

Isolado. Depois de uma das semanas mais desastrosa­s de seu curto mandato, Trump está relegado a um isolamento crescente. O presidente enfrenta declaraçõe­s indignadas de dirigentes republican­os, onda de deserções entre seus assessores econômicos e críticas de grandes nomes da cultura em razão do profundo mal-estar causado por suas ambíguas declaraçõe­s.

Na mais recente consequênc­ia de suas polêmicas, Trump anunciou ontem que não irá à entrega dos prêmios artísticos mais prestigios­os de Washington – os do Kennedy Center para as Artes Cênicas –, para evitar “interferên­cias políticas”, depois de vários dos contemplad­os anunciarem planos de não participar­em do evento.

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STEPHANIE KEITH/REUTERS Reação. Milhares se reuniram contra ato de supremacis­tas

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