O Estado de S. Paulo

Parlamento se reúne e desafia Maduro

Sessão da Assembleia Nacional eleita em 2015 rejeita poderes da nova Constituin­te chavista

- / AFP e AP

A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada por deputados da oposição, aprovou ontem um acordo no qual rejeita a decisão – condenada internacio­nalmente – da Assembleia Constituin­te do presidente Nicolás Maduro de assumir suas competênci­as.

“A Assembleia Nacional acorda rejeitar e desconhece­r a pretensão da ilegítima Assembleia Constituin­te de usurpar as funções legislativ­as que correspond­em a este corpo parlamenta­r”, destaca o texto.

Minutos depois, a presidente da Constituin­te, a ex-chanceler Delcy Rodríguez, negou que o Parlamento tenha sido dissolvido. “A Constituin­te disse ao velho Parlamento que tem que trabalhar respeitand­o a Constituiç­ão, conviver e coexistir respeitand­o o poder constituin­te originário”, expressou.

A confusão jurídica ocorre justamente do fato de a Constituin­te ter sido convocada e eleita para escrever uma nova Constituiç­ão, trabalho que deve levar, segundo o próprio governo, cerca de dois anos. Durante este período, a Constituiç­ão de 1999 deveria se manter em vigor. Portanto, a Assembleia Nacional, eleita em 2015, seria a representa­nte do Poder Legislativ­o.

Durante a sessão de ontem, o deputado Freddy Guevara rasgou o documento com a decisão da Constituin­te, que rege a Venezuela com poderes absolutos. “O que não vamos fazer é nos retirar. Que nos tirem com fogo, que nos tirem a bala, que nos tirem com violência, mas enquanto nós tivermos a capacidade e a vontade de defender este espaço, vamos fazê-lo”, disse o deputado.

Fuga. Autoridade­s migratória­s da Colômbia confirmara­m ontem que a ex-procurador­a-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, está em Bogotá. Ortega fugiu da Venezuela com seu marido, o deputado Germán Ferrer, na sexta-feira. Eles foram de lancha para Aruba e, de lá, embarcaram em um jatinho para a capital colombiana. Ortega tornouse uma dissidente do chavismo em março, após a tentativa do Tribunal Superior de Justiça de assumir os poderes da Assembleia Nacional. Desde então, ela investigav­a pessoas ligadas ao governo, incluindo o próprio presidente.

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CARLOS GARCIA RAWLINS/REUTERS Crise. Opositores e diplomatas se reúnem em Caracas

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