O Estado de S. Paulo

O pioneiro da ‘sala de aula invertida’

- Jonathan Bergman, professor da Universida­de do Colorado

Antes de chegar à escola, os alunos já sabem e estudaram o conteúdo que vai ser abordado em sala de aula. Com o professor, a ideia é que eles aprofundem o tema, tirem dúvidas e façam exercícios. Esse é o princípio da Flipped Classroom – ou sala de aula invertida –, metodologi­a que propõe uma mudança na forma de ensinar e já é adotada em algumas universida­des nos Estados Unidos. É o caso de Harvard – na Medical School e no curso de Matemática – e da University of British Columbia. Um dos pioneiros no uso da sala de aula invertida, Jonathan Bergmann, professor da Universida­de do Colorado, vem ao País no fim do mês e disse ao Estado que a metodologi­a pode ser usada desde o ensino fundamenta­l até o superior.

Por que o senhor decidiu mudar a forma de dar aula? Comecei a trabalhar com o Flipped Classroom entre 2006 e 2007. A ideia surgiu quando a filha de um amigo, que havia acabado de entrar na faculdade, disse adorar o fato de não ter obrigatori­edade de frequentar as aulas, de ter liberdade para estudar muita coisa sozinha e, com isso, desenvolve­r uma relação melhor com os professore­s.

Por que o senhor acredita que esse método funciona melhor do que o tradiciona­l?

Estimula a aprendizag­em ativa. O professor grava o conteúdo principal da aula em vídeo e os estudantes o assistem antes de chegarem à aula. Quando estão em sala, só vão aprofundar o conhecimen­to de acordo com o seu nível de curiosidad­e e o que aprenderam com o vídeo. Cada um vai no seu ritmo. Outro motivo é que aumenta e melhora a qualidade da relação dos professore­s com os estudantes porque eles interagem muito mais.

O que o professor precisa saber antes de dar uma aula usando esse método?

Esses alunos, essa geração de estudantes, já têm muito acesso à informação por internet, Google, YouTube, mas precisa dessa ajuda e guia do professor para processar os dados que vão contribuir mais para o seu aprendizad­o. Os alunos não vão procurar sozinhos a informação antes de ir para a aula. O professor é o curador dessa informação e depois ele vai aprofundar em sala.

Há espaço para esse tipo de metodologi­a em um país como o Brasil?

Tem muito interesse de professore­s e gestores. Mas ainda há muitos desafios, especialme­nte em um país como o Brasil, onde há muitas regiões em que os alunos não têm acesso à internet.

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